As exportações do agronegócio acumularam US$ 67,0 bilhões de janeiro a novembro de 2008, o que representa alta de 24,6% com relação ao mesmo período do ano passado. Esse valor é significantemente maior que as importações do setor, que acumularam US$ 10,9 bilhões nos 11 primeiros meses do ano, sinalizando uma expansão dos resultados da balança comercial do agronegócio para mais de US$ 60 bilhões, em 2008, o que compensa o forte déficit comercial dos outros setores da economia.
Mas, as previsões para 2009 não são tão otimistas. Cálculos preliminares da Secretaria de Relações Internacionais (SRI) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) indicam que, provavelmente, o setor reduzirá suas exportações neste ano. Todos os cenários indicados pelo órgão ? otimista, pessimista e mais provável ? apresentam queda das exportações do agronegócio em 2009.
No cenário otimista, a queda seria de 6,8%, fechando o ano com US$ 67,1 bilhões. No cenário pessimista, a queda seria de 34,7%, resultando em US$ 47 bilhões em exportações. Não obstante, estes dois cenários dependem de uma conjunção de fatores econômicos que, até o momento, podem ser considerados improváveis. O cenário mais provável indica, portanto, queda de 21,6%, levando as exportações do agronegócio a atingir US$ 56,4 bilhões, em 2009, frente aos US$ 73 bilhões esperados para 2008.
As previsões do Mapa confirmam que os fundamentos dos mercados agropecuários internacionais continuam favoráveis. Isso significa que, para o Executivo, a demanda na Ásia seguirá aumentando ? ainda que em ritmo menor ?, a produção dos biocombustíveis continuará afetando a definição dos preços dos produtos agrícolas e os estoques permanecerão apertados.
O grande diferencial entre os cenários previstos para 2009 é a indefinição dos preços. Enquanto a visão otimista aposta em preços tão altos quanto os observados em novembro de 2008, a estimativa pessimista acredita que a crise mundial levará os preços a patamares similares aos da média dos anos 2003 a 2007. Assim, o cenário mais provável simula preços similares aos da média de 2007, com base na expectativa de que os preços internacionais recuarão, mas não voltarão aos níveis históricos.
Embora as três previsões indiquem queda das receitas em dólar das exportações do agronegócio, as receitas em real não deverão ser tão afetadas, tendo em vista a apreciação do dólar nos últimos meses. Na hipótese de um dólar médio de R$ 2,20, em 2009, o cenário mais provável indica receita de R$ 124,1 bilhões, o que representaria uma queda de apenas 6,3% frente à receita de R$ 132,5 bilhões estimada para 2008. Com base em um dólar médio de R$ 2,50, em 2009, as exportações do agronegócio gerariam receita de R$ 141 bilhões, 6,4% maiores que em 2008.