Uma outra fonte do mercado lembra também que a crise econômica que afeta as cotações internacionais pode fazer com que aqueles comerciantes que têm contratos com opção de negociar no mercado interno ampliem a oferta doméstica caso os preços na bolsa de Nova York (ICE Futures US) não sejam atrativos.
? Eles têm um volume grande que ainda não saiu do país e que pode voltar para o mercado interno. Quando começarem a fazer isso, haverá reflexo no preço doméstico ? diz a fonte.
O enfraquecimento da demanda global e problemas financeiros na Europa e nos Estados Unidos levaram os futuros internacionais do algodão ao menor nível em 14 meses nesta semana. Desde o pico registrado em março, de R$ 0,22 por libra-peso, a perda acumulada na ICE é de 61%. A demanda por algodão no mundo perdeu força, principalmente na China, por
causa das fortes oscilações de preço na última temporada, segundo traders comerciais.
? Se essa crise continuar, acredito que dificilmente haverá uma recuperação no mercado interno. Não é mais o produtor que influencia o mercado brasileiro, mas sim os comerciantes internacionais. São eles que têm mais volume para ser negociado ? completa a fonte.
No momento, o mercado brasileiro vem sendo caracterizado pela oscilação de preços. De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), nos últimos dias alguns compradores com necessidade imediata cederam parcialmente aos valores pedidos pelos poucos vendedores ativos. Foram poucos os negócios realizados recentemente, e segundo Fracalanza, em geral o interesse é de indústrias que já se preparam para a paralisação de final de ano reabastecendo seus estoques.
? Eu tenho hoje quatro fábricas comprando. Para terem tempo de procurar algodão quando voltarem (da paralisação), lá pelos dias 5 a 10 de janeiro, elas compram um pouco agora. Isso acaba dando uma sustentação aos preços ? completa.
Fracalanza lembra que sazonalmente os preços apresentam alta no início do ano, pois as fábricas voltam comprando e a oferta é limitada. Essa tendência pode perdurar até abril, quando começa a entrar no mercado o algodão da safra nova.