Segundo levantamento do Imea, em Mato Grosso, a área a ser semeada com a variedade deve superar 1,2 milhão de hectares nesta temporada semente
Daniel Popov, de São Paulo
Claro que a redução de custos não é a única razão para o aumento da área semeada com soja convencional em Mato Grosso. Também pesam nesta balança o prêmio pago pela variedade e o manejo diferenciado, possibilitando a mudança dos agroquímicos normalmente usados, para soluções diferentes.
O plantio de soja convencional na safra 2017/2018 deve chegar a 15% da área plantada em Mato Grosso e superar os 1,2 milhão de hectares. A projeção é do presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja Mato Grosso), Endrigo Dalcin, tendo por base dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).
“As biotecnologias tomaram muito campo, mas devagar vamos colocar esta sementinha na cabeça do produtor. Hoje no Brasil temos 6% da área plantada com soja convencional. Mato Grosso deve chegar este ano a 15%. Realmente o produtor entendeu o recado e está comprando a ideia. Vemos vários produtores mudando 100% de sua produção para convencional. Temos feito várias ações, divulgações e tudo isso vai ajudar”, afirmou o executivo.
O presidente da Aprosoja Mato Grosso discorda de quem pensa que estas cultivares são ultrapassadas e não possuem tecnologia. “Temos sementes convencionais com altíssima tecnologia. Tivemos produtividades acima de 67 sacas por hectare em regiões de Mato Grosso. Precisamos deste material genético para fornecer opções de plantio para o produtor”, destacou.
Preço e prêmio
Segundo o último relatório divulgado pelo Imea sobre os custos de produção da safra 2017/2018, o gasto por hectare com a semente convencional em Mato Grosso ficou em R$ 220, na média. Enquanto a soja transgênica custava pelo menos 50% a mais que isso, algo em torno de R$ 330 por hectare.
“Os custos de produção estão cada vez mais elevados, principalmente com sementes e biotecnologia. Só que na venda da soja convencional ganha-se um prêmio sobre o preço pago ao produtor, que foi de US$ 3 a US$ 4 por saca na safra passada. Isto nos incentiva”, acrescentou Dalcin.
Segundo ele, há mercados para produtos diferenciados como esse. “Europa e Ásia são nossos principais compradores. Estamos buscando outros mercados para que possamos crescer um pouquinho mais. Por isso é importante mantermos vivas estas variedades e ajudar o produtor a plantar. Mas precisamos que o pesquisador faça cultivares com mais tecnologias e que a Embrapa continue fazendo melhoramentos nas variedades para incentivar toda a cadeia”, finaliza.