? Na ponta do lápis não é negócio e, além disso, uma redução da mistura pode levar os usineiros a destinar mais cana para o açúcar ? afirma Arnaldo Correa, gestor de riscos da empresa.
Se o impacto no consumo tende a ser pequeno, a medida também deve ter um efeito quase insignificante na inflação, segundo Ana Malvestio, sócia do centro de serviços de agribusiness da PriceWaterhouseCoopers.
? O maior impacto na inflação vem do preço da gasolina, que tem maior peso na inflação, e não do etanol ? disse sobre a possível redução da mistura.
A executiva afirma que a menor produção de etanol é um fato consumado e o que precisa ser discutido agora são os caminhos a serem trilhados pelo governo.
? Está claro que a menor oferta de etanol vem de quebras consecutivas de safra de cana e não da maior produção de açúcar como tem sido cogitado ? disse ela.
Além da redução, Ana também aponta a importação de etanol dos Estados Unidos como uma alternativa possível para abastecer o mercado.
Correa, da Archer, ressalta que, diante da produção menor de cana, a conta de oferta e demanda de etanol e de açúcar não vai fechar.
? Os preços do açúcar e do etanol continuarão elevados até que a questão da oferta se resolva, o que deve demorar porque novos investimentos não estão sendo realizados ? disse ele.
Para o executivo, existem várias indefinições no setor que estão travando a entrada de novos investimentos, como o papel do governo e da ANP no etanol e como ficará a questão da posse de terras por empresas estrangeiras.
? Ninguém vai querer investir no setor sem ter certeza do retorno ? explica.
Amaryllis Romano, analista de energia renovável da Tendências Consultoria, conta que a estimativa é de que o preço do hidratado ao produtor registre uma variação de 25% até o final do ano, considerando o preço da entressafra.
? No ano passado, esta variação atingiu 50%, o que mostra que a volatilidade de preço este ano tende a ser a metade de 2010 ? disse.