Trajetória inversa seguem commodities como soja e milho. As cotações, que estavam infladas pela especulação nas bolsas de mercadorias, despencaram desde o começo da crise. O arroz e o feijão devem permanecer com preços em alta pelo menos até a colheita no ano que vem, afirma Argemiro Brum, coordenador do Departamento de Economia e Contabilidade da Universidade Regional do Noroeste do Rio Grande do Sul (Unijuí).
O custo do churrasco já vinha subindo no centro do país devido à escassez de gado para abate. O reajuste atingiu principalmente cortes sem osso, como maminha, picanha e alcatra.
? O preço do boi segue em alta, e as exportações estão firmes ? justifica Alcides Torres, analista da Scot Consultoria.
Dependendo da época do ano, até 40% da carne oferecida pelos supermercados gaúchos vem de fora do Rio Grande do Sul, calcula o presidente da Associação Gaúcha dos Supermercados, Antônio Cesa Longo. Ele prevê novos reajustes se o câmbio permanecer no patamar atual.
A costela, porém, é fornecida por fazendas gaúchas, e os preços não aumentaram nos últimos 30 dias, segundo o Sindicato da Indústria de Carne do Rio Grande do Sul (Sicadergs). Mas, devido ao alto consumo, o corte não acompanhou a queda média de 6% do produto gaúcho, explica Ronei Lauxen, presidente da entidade. A baixa de preço da indústria local está ligada à elevação de oferta de animais.
No caso da carne de frango, os negócios, baseados nas exportações, não estão sendo afetados pela crise mundial, segundo o diretor executivo da Associação Gaúcha de Avicultura, Eduardo dos Santos. Aumentos dependerão da alta de custos produtivos:
? As commodities baixaram, mas outros custos, como diesel e mão-de-obra, seguem subindo ? diz Santos.
Alcides Torres, da Scot, alerta que os juros para capital de giro cobrados dos produtores subiram às vésperas do plantio de verão. Isso deve encarecer a safra, sem contar os valores dos fertilizantes, que dobraram no último ano. Todos esses fatores podem elevar os preços dos grãos a partir de 2009.