Em comunicado, o BC diz que houve redução de riscos inflacionários desde a reunião de junho e que isso se deve a fatores externos e internos.
A taxa básica começou a subir em abril. Na época, estava em 8,75% ao ano, menor patamar da história recente. Os juros ainda estão abaixo do nível verificado no início de 2009, quando o BC reduziu a taxa diante da queda na atividade provocada pela crise iniciada em 2008.
Até a semana passada, o mercado mantinha a expectativa de novo aumento de 0,75 ponto na Selic. As apostas começaram a mudar na quinta passada, quando o presidente do BC, Henrique Meirelles, disse em entrevista não programada que a decisão não estava fechada. Além disso, na véspera da reunião, a prévia do índice oficial de inflação, que serve como meta para o BC, mostrou queda de preços. Uma semana antes, indicador do próprio BC mostrava que a economia parou de crescer em maio, após 16 meses seguidos de expansão.
? O Banco Central viu que o cenário mudou. A decisão foi coerente com a nova realidade da economia que se desenhou desde a última reunião. Manter o ritmo anterior de aumento seria fechar os olhos para essa novidade ? diz o economista-chefe do Banco Schahin, Silvio Campos Neto.
Para o especialista, o texto divulgado abre espaço para “qualquer aumento de 0,50 ponto para baixo” no próximo encontro, marcado para acontecer entre 31 de agosto e 1º de setembro. As pressões são maiores por conta do calendário eleitoral.
Entidades empresariais e de trabalhadores criticam dose
Apesar de o BC ter diminuído o ritmo na alta da Selic, entidades empresariais e sindicais criticaram a decisão.
? Esperávamos um pouco mais de ousadia. O Copom já errou na dose do remédio em outras ocasiões, e não há por que penalizar o setor produtivo, o consumidor e a geração de empregos ? lamentou o presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), Paulo Tigre.
A decisão do BC foi considerada “insensata” e “nefasta para o setor produtivo brasileiro” pelo presidente em exercício da Força Sindical, Miguel Torres. Para ele, a medida aumentará a trava para a produção e a geração de empregos e prejudicará o crescimento.