É por causa da região que a usina recebeu o nome de Belo Monte. De um lado, Belo Monte, que pertence ao município de Vitória do Xingu. Do outro, Belo Monte, que pertence a Anapu. E poucos metros rio acima, será construída a barragem principal da usina hidrelétrica.
Serão construídas duas barragens. A primeira a 40 quilômetros de Altamira e antes de começar a Volta Grande do Xingu. Um canal de 21 quilômetros será aberto para levar a água do rio a um grande reservatório que vai alimentar a casa de força.
Para criar esse reservatório, uma área de 500 quilômetros quadrados, de propriedades rurais e florestas, será alagada. Belo Monte será a terceira maior usina hidrelétrica do mundo. Atrás apenas de três Gargantas na China e Itaipu no sul do Brasil. Com capacidade para produzir mais de 11 mil megawatts de energia. Isso quando o reservatório estiver bem cheio, porque a produção média anual será de 4,5 mil megawatts, suficientes para abastecer 18 milhões de residências, quase toda a região Sudeste.
? A agregação de Belo Monte ao sistema interligado nacional faz com que ela seja uma usina altamente competitiva. No período que tem bastante água nos geradores, praticamente a capacidade total do empreendimento. E a medida que vamos nos aproximando do final do período chuvoso, nos mês de julho, ai paulatinamente vai gerar menos. Mas nesse período teremos outras usinas hidrelétricas no país e outros tipos de fontes que vão complementar a energia que nesse momento Belo Monte não pode fornecer ? disse Carlos Nascimento, presidente da Norte Energia.
O projeto, criado há 30 anos, foi criticado por entidades internacionais. Segundo elas, por ameaçar tribos indígenas e o meio ambiente. Sem o capital estrangeiro, o projeto ficou na gaveta, sofreu modificações e, agora, com a maior autonomia financeira do Brasil, está saindo do papel.
Em junho, o Ibama concedeu a licença de instalação definitiva. Homens e máquinas trabalham para abrir caminhos. O governo garante a competitividade da usina, avaliada em R$ 25 bilhões. Mas há quem diga que o impacto ambiental não compensa o investimento.
Para conhecer a realidade das famílias ribeirinhas e saber o que vai acontecer com o rio, uma equipe do Canal Rural segue de barco. O guia é João Vicente que nos últimos meses tem levado um público diferente de turistas.
? Ultimamente, muitos jornalistas querem filmar e ver o que está acontecendo ? falou João Vicente Santos Silva, barqueiro.
E mais uma vez João leva jornalistas. Além da equipe do Canal Rural, estão no barco uma francesa e uma mexicana. Estrangeiras preocupados com as riquezas naturais da região Amazônica.
O inverno na região é diferente do restante do país. No norte, nessa época de estiagem, faz muito calor e por isso essa temporada é chamada de verão pelos paraenses. Com pouca chuva, o nível do Rio Xingu baixa e surgem bancos de areia e muitas ilhas. Surgem praias de areia fina e água clara, além de armadilhas, como pedras e corredeiras que exigem habilidade dos barqueiros.
A viagem continua na reportagem desta terça, dia 6. A equipe do Canal Rural mostra as famílias e comunidades ao longo o Rio Xingu e a preocupação delas com a construção da usina de Belo Monte.