Regravação de O Menino da Porteira estreia dia 6 de março nos cinemas

Longa tem cantor Daniel no papel principal e conta a rotina de um boiadeiroO sucesso dos filmes que falam do campo, como 2 Filhos de Francisco, que conta a vida dos cantores Zezé de Camargo e Luciano, impulsionam mais um lançamento: a regravação do longa metragem O Menino da Porteira chega aos cinemas em março, com o cantor Daniel no papel principal.  Boiadeiro há 35 anos, Ademir da Silva aprendeu as lidas do campo com o pai. Durante duas décadas levou o gado da fazenda Santa Maria, em Votorantim, para engordar na fazenda Pingo Dágua, em Araçoiaba da Serra, interior de

? De vez em quando a gente caía do cavalo, perdia os bois na estrada, mas dá saudade ? revela o boiadeiro.

Mas de puxar boi na estrada só restaram as lembranças. A cidade cresceu e alcançou a fazenda Santa Maria. As estradas de terra foram substituídas  pelo asfalto e, há 15 anos, Ademir da Silva não pode mais levar o gado.

O trabalho do peão foi substituído pelos automóveis. São necessários nove caminhões para carregar a boiada que Ademir puxava de uma só vez. Para o dono da fazenda, Marcos Oréfice, a pecuária se modernizou, o transporte do gado ficou mais seguro, mas não tem mais o mesmo brilho do passado, quando a boiada ficava na mão do boiadeiro.

? É muito triste para todos nós, que estamos ligados desde criança. Ficou mais seguro, ficou mais ágil (hoje em dia os frigoríficos estão espalhados pelo Brasil inteiro, então se pode comprar o gado mais longe. O gado perdia peso quando ia por terra pra chegar no frigorífico, tinha que descansar pra ser abatido. Mas é questão de modernidade porque o romantismo, como eu digo, acabou.
 
Na cidade, a vida do homem do campo costuma fazer sucesso. Em 1976, o filme brasileiro O Menino Da Porteira, com o cantor Sérgio Reis, levou cinco milhões de pessoas aos cinemas. Mais de 30 anos depois, o clássico volta às telonas com o cantor Daniel no papel do boiadeiro Diogo.

? É um boiadeiro que ele tem realmente uma carga muito grande, o passado dele é muito triste, passou por várias turbulências. Por esse motivo tem aquela coisa de ele ser um pouco fechado, compenetrado, falar pouco. No laboratório, convivi com alguns boiadeiros, com o pessoal tocando gado, fiquei em cima de cavalo grande parte do ano passado ? conta Daniel.
 
Natural de Brotas, em São Paulo, Daniel tem uma ligação muito forte com gado e cavalos. A origem caipira foi decisiva para que o cantor aceitasse viver, no cinema, um boiadeiro. Na cidade natal de Daniel foi gravada grande parte das cenas de o menino da porteira. O cavalo que ele usou no filme foi adquirido especialmente para o papel, e se tornou um grande companheiro do cantor:

? Me identifiquei com o cavalo de uma certa forma e ele comigo, tanto que hoje eu chego na fazenda e chamo ele, e onde ele estiver, ele vem. E o cavalo sofreu como eu sofri, teve queda de resistência talvez pela mudança de local. Pegou micuim, pelou a cara dele inteira, ele emagreceu muito… engraçado, eu olho pro cavalo e me vejo. Mas hoje o cavalo está bonito, com pelo fino, liso… mas eu, não tem jeito mais!
 
O boiadeiro da vida real Ademir da Silva assistiu à primeira versão de O Menino da Porteira. Gostou do que viu, e espera encontrar na regravação do filme a parte mais emocionante do trabalho de um peão:

? O estouro da boiada é o mais bonito.
 
O menino da porteira estréia no dia 6 de março nos cinemas.