No total, o setor perderia 30 mil postos de trabalho. Segundo o vice-presidente da Força Sindical, Antonio Vitor, as causas ainda são os impactos na cadeia produtiva de açúcar e etanol da crise mundial de 2008 e 2009, além da redução da oferta de cana na última safra por conta do clima desfavorável.
– O governo tem uma postura clara de incentivar o pré-sal e não cria um marco regulatório para o setor produtivo de açúcar e etanol -, disse o sindicalista, que também é presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Açúcar e Alimentação de Sertãozinho (SP).
O documento que a presidente receberá tem como base estudo do professor da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA/USP), Marcos Fava Neves. Segundo o qual, o país precisaria construir ao menos 120 usinas, com investimentos de US$ 95 bilhões, para atender a demanda de etanol e açúcar até 2020.
Paralelamente, os trabalhadores do setor iniciam em maio, no Estado de São Paulo, a campanha salarial 2012. A pauta de reivindicações ainda está em elaboração. NO entanto, Vitor antecipa que a categoria deve pedir a reposição salarial da inflação e mais 4% ou 5% de aumento real.
Colheita mecânica de cana cortou 51,7 mil empregos em São Paulo
A mão de obra do setor de açúcar e álcool, que conta com 2,5 milhões de empregos diretos e indiretos, tem dois perfis distintos: um extremamente qualificado e outro não qualificado.
Entres os trabalhadores não qualificados que ficam desempregados estão os oriundos do avanço da colheita mecânica de cana nas lavouras paulistas. Levantamento do Departamento Economia Rural da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Jaboticabal (SP), aponta que a colheita mecânica nas lavouras paulistas eliminou, em média, 51,7 mil empregos entre 2007 e 2011.
Segundo o estudo, em setembro de 2007 – ano em que o governo e o setor sucroalcooleiro firmaram o pacto para o fim da queima da palha e da colheita manual em São Paulo até 2017 – 185.767 trabalhadores não qualificados, basicamente cortadores de cana, trabalharam nas lavouras. No mesmo mês de 2011, época de pico da colheita da cana, essa média anual de empregados caiu para 134.460.
– O efeito negativo no emprego desse grupo de trabalhadores tem sido maior que o efeito positivo originado da expansão da área canavieira no Estado -, diz José Giacomo Baccarin, professor da Unesp e um dos autores do estudo.
A tendência de desemprego não é diferente para os trabalhadores qualificados. Segundo Antonio Vitor, um funcionário especializado em uma determinada área de produção, quando demitido, tem dificuldades de encontrar emprego em outra área dentro do próprio setor.
– A usina Batatais (na cidade homônima de São Paulo), por exemplo, tentou ampliar o quadro de funcionários, mas não encontrou gente para trabalhar; enquanto isso, muitos outros que haviam perdido seus empregos não estavam qualificados para a nova vaga -, afirmou.