Os estudiosos destacam, ainda, que os canaviais dificilmente alcançarão seu potencial, “repercutindo em queda de produção”. Em janeiro, o volume de chuvas em território paulista ficou abaixo dos 250 mm esperados. No norte do Estado, o acumulado ficou entre 50 mm e 100 mm. No leste, sul e oeste, variou de 100 mm a 150 mm. Já a temperatura média foi entre 3ºC a 4ºC mais elevada do que a normalmente observada.
Citando órgãos de monitoramento, o IEA informa que a precipitação na região de Ribeirão Preto foi 71% inferior à prevista para o mês de janeiro, alcançando apenas 88 mm. “Apesar de a região ter solo argiloso, que retém mais água, ainda assim a situação é preocupante, uma vez que, desde outubro, as chuvas estão bem abaixo da média.”
Nas regiões de Piracicaba, Monte Aprazível, Assis, Capivari e Jaú, a produtividade também já está comprometida, mas ainda não é possível dimensioná-la, conclui o IEA com base em relatos de técnicos das associações de fornecedores.
Seca pode reduzir produção de grãos de SP em 30%
Ainda conforme a IEA, a produção de milho em São Paulo deverá alcançar, na melhor das hipóteses, 2,99 milhões de toneladas na safra 2013/2014, um volume 8% menor que as 3,24 milhões de toneladas previstas em novembro.
No caso da soja, o cenário mais otimista traçado pelo órgão considera uma produção de 1,92 milhão de toneladas, 10% inferior às 2,13 milhões de toneladas previstas em novembro pelo IEA. A perspectiva mais pessimista estipula uma quebra de 30% na safra de ambos os grãos, o que resultaria em 2,27 milhões de toneladas de milho e 1,49 milhão de toneladas de soja.
“Os efeitos trazidos pela estiagem nas lavouras devem acirrar a redução na oferta paulista de milho”, informou o IEA. Para soja, as adversidades climáticas devem frustrar a expansão do cultivo, de acordo com o instituto.
Queda de 13% na safra de café paulista
A produção de café em São Paulo deve apresentar queda média de 13%, por causa do tempo quente e seco neste início do ano, que prejudicou os cafezais. A safra deve diminuir de 4,44 milhões de sacas de 60 kg, previstas inicialmente, para atuais 3,77 milhões de sacas (menos 670 mil sacas), segundo o IEA.
>> ASSISTA: Fisiologista do café afirma que as perdas nas plantações serão grandes
Conforme os pesquisadores, há “consenso quanto à existência de diminuição na quantidade colhida (renda), da ordem de 10% a 20% nas lavouras mais antigas e de 15% a 20% naquelas de primeira e segunda safras, respectivamente”. Além disso, o tempo seco impediu que os cafeicultores procedessem ao calendário de adubações recomendado. A maior parte deles realizou apenas a adubação de novembro, alguns poucos a de dezembro e pouquíssimos deles a de janeiro. A má nutrição das plantas poderá agravar os problemas de granação (desenvolvimento dos grãos) do café.
>> Preços do café arábica sobem 30% devido ao tempo quente e seco
>> Seca já provoca perdas de 30% nesta safra de café e compromete a de 2015
Os pesquisadores alertam para problemas adicionais, com o retorno das chuvas, por causa do surgimento de doenças que não se tornaram ainda mais danosas em virtude da baixa umidade do ar. “Há relatos, na região de São João da Boa Vista, de ataque de cercospora”, informa o IEA. “A alta carga pendente, o estresse hídrico e a deficiência nutricional são fatores que tornam bastante provável que doenças assumam proporções maiores assim que a umidade do ar voltar a níveis normais para a época do ano”, concluem os pesquisadores.
Produção de leite pode recuar até 10% com falta de chuvas
Pesquisadores do IEA-Apta afirmaram que a produção de leite do Estado pode cair até 10% em fevereiro ante janeiro, se as chuvas não forem suficientes para melhorar as condições das pastagens. Segundo técnicos do setor, as pastagens deveriam apresentar boa qualidade nos meses de verão, mas hoje se encontram muito fibrosas, tendo seu valor nutricional comprometido e insuficiente na alimentação do animal diante da falta de precipitações.
Na falta de pastagem boa, os produtores precisam suplementar a alimentação dos animais. Conforme os técnicos do IEA, a utilização da alimentação suplementar via uso de silagem, por exemplo, não é 100% praticada pelos produtores de leite do Estado.
“Assim, aqueles que não contam com silagem para garantir o fornecimento de alimento para o gado, caso continue a ausência de chuvas, deverão ter sua produção comprometida em plena safra”, explicaram os pesquisadores, em nota. Eles afirmam que as previsões meteorológicas para todo o Estado sinalizam chuvas para o mês de fevereiro, mas é preciso ficar de olho se elas serão suficientes para recuperar as condições das pastagens.
>>ASSISTA: Preços do leite devem melhorar no mês de março
>> Veja outras notícias sobre o impacto do verão atípico na agropecuária brasileira