– Existe uma oferta muito maior nessa próxima safra. Porém, apesar dessa produção que acaba pressionando um pouco mais o mercado, o produtor pode contar um pouco mais com o fator do câmbio, que tende a favorecer a rentabilidade. No mínimo, dá uma maior sustentabilidade para a margem de lucro dos agricultores – avalia a analista da Céleres Consultoria Aline Ferro.
Segundo dados da Céleres Consultoria, a área plantada com soja no Estado nesse ciclo é de 31 milhões de hectares, com crescimento de 3,6% em comparação à temporada 2013/2014. A produção do grão deve aumentar 6%, passando de 91 milhões de toneladas.
– No geral, a rentabilidade foi boa e é em função disso que, para a próxima safra, nós esperamos um aumento da área plantada como substituição do milho. O milho teve uma margem mais apertada e produtores de muitas regiões substituíram a cultura do milho pela soja – explica Aline.
Neste ano, o agricultor Juarez Soares, do Triângulo Mineiro, plantou 650 hectares de soja. O cenário desfavorável da cana-de-açúcar motivou o aumento de 15% na área de grãos. Ele espera produzir 63 sacas por hectare, 10% a mais do que o ano anterior.
– Espero vender minha produção em torno de R$ 60 por saca. Se for esse preço, cobre o custo de produção. Mas eu não sei como vai ser o plantio do próximo ano, se o custo vai ser maior – conta o produtor, que mantém uma fazenda próxima ao município de Santa Juliana.
Custos e Perspectivas
Porém, se por um lado o dólar deve garantir a margem de lucro dos produtores, por outro lado, a valorização da moeda americana pode gerar aumento no custo de produção. Principalmente nos insumos.
O produtor Roberto Moraes está aliviado, pois, neste ano, antecipou as compras e vai economizar pelos menos 10%.
– Quando resolvi plantar soja eu vi que o preço do adubo estava bom e eu já aproveitei e fiz minhas compras antecipadas. Na época, o dólar estava mais baixo e fiz as compras adiantadas, pois achei que era um bom negócio. Agora estou preocupado o próximo ano, pois esses adubos devem chegar mais caros para nós – conta.
Diante da perspectiva de um cenário de instabilidade no próximo ano, a recomendação é que o produtor aproveite o momento favorável atual do câmbio para comercializar parte da produção.
– Com o início da colheita aqui no Brasil e na Argentina, os preços devem ter uma nova pressão nos próximos meses – alerta a analista Aline Ferro.