Mesmo sabendo das possibilidades de chuvas instáveis, alguns produtores resolveram arriscar e plantaram a soja. O resultado não poderia ser pior e terão agora que gastar ao menos 30% a mais para replantar
As chuvas irregulares estão atrapalhando o desenvolvimento do plantio da safra de soja 2016/2017 em Mato Grosso. Na região Oeste, onde a semeadura está mais avançada, a falta de precipitações trouxe preocupação para alguns produtores, que agora temem ter que replantar.
Em algumas áreas do Estado, as nuvens carregadas de chuva trazem tranquilidade e esperança, já em outras, o cenário é bem diferente. Falhas espalhadas por toda a lavoura e muitas plantas comprometidas, que nem ao menos conseguiram germinar por conta da estiagem. Este é o caso do produtor Valdemar Zanella, que possui uma área destinada à soja de 8,3 mil hectares no município de Campos de Julio.
Por lá, ele ainda não conseguiu concluir o plantio, mas esta não é a preocupação principal do agricultor. Na verdade, o que tem tirado seu sono são as áreas já semeadas. As chuvas irregulares e com no máximo 30 milímetros de volume, fizeram com que Zanella arriscasse plantar a soja, mas de lá para cá, a estiagem tomou conta da região. “A chuva passa perto, mas não cai aqui. Se chover logo, ainda consigo recuperar alguma coisa. Não totalmente, mas vai recuperar”, avalia Zanella. “Esta soja germinou mal, não conseguirei mais colher uma safra perfeita. Terei perdas e terei que replantar.”
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E, ao que parece, o caso de Zanella não é único. Segundo Alfredo Tomé, vice presidente do Sindicato Rural de Campos de Julio, a estimativa é que pelo menos 5% da área total do município precisará ser replantada. No safra passada, o município teve que replantar pelo menos 10% da área e muitos produtores ficaram em situação complicada por conta disso. “O nosso lucro está em cima da produtividade, se não for melhor que o ano passado, teremos sérios problemas”, garante Tomé.
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Tomé conta que a região recebeu chuvas nos dia 02 e 03 de setembro, ficaram uma semana sem chuvas, que voltaram somente nos dias 13 e 14 o que acabou animando os produtores a iniciar o plantio do dia 16, logo após o fim do vazio sanitário.
Se tiver que replantar, os custos de produção podem aumentar em até 30%, com o diesel, dessecação da área e compra de novas sementes já tratadas. Este último item, inclusive, é o principal responsável por esta alta nos custos de produção.
Além da iminência do replantio, estas estiagens acabaram favorecendo o aparecimento de pragas nas lavouras já semeadas. Segundo o gerente técnico, Marcos Adriano Stor, muitos produtores relataram o aparecimento precoce de lagartas o que gera muita preocupação. “Não estávamos esperando o surgimento destas lagartas spodóptera e helicoverpa agora. Esta pressão tem nos preocupado, porque o ano passado, mesmo com falta de chuva não tivemos este custo com inseticidas para lagarta”, conta Stor. “Isto será um custo a mais.”