O debate contou com a participação do economista e consultor da Safras & Mercado, Flávio França Júnior; do presidente da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), Nestor Freiberger e do coordenador da Comissão de Postura Comercial da Asgav, Daniel Bambi. Também participaram o secretário da Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Sul, Luiz Fernando Mainardi, e o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Caio da Rocha.
O fórum mostrou um panorama do mercado de grãos, apresentado por França Júnior. O especialista apontou a forte alta no preço da soja nos últimos meses, que passou de U$ 11 em novembro do ano passado para cerca de U$ 18 atualmente. O consultor da Safras & Mercado explicou que a alta vem ocorrendo de maneira sistemática desde o início de 2011, se agravando com as severas perdas na safra norte-americana ocorrida neste ano.
— É uma alta de fundamentos, de relação de oferta e demanda, muito mais consistente do que aquela do ano passado.
França Júnior prevê uma melhora nos preços da soja apenas no ano que vem, com a safra 2012/2013.
— A tendência é de um ano melhor, com safra de bom volume, o que traria um fôlego para o mercado internacional em fevereiro ou março do ano que vem. Mas não vai alterar muito o perfil de preços altos.
Em relação ao mercado de milho, o especialista afirmou que há uma possibilidade muito pequena de que o preço do grão tenha queda. Nos últimos meses, o preço do milho teve um aumento de 60%.
Com a alta dos grãos, o presidente da Asgav, Nestor Freiberger, reclamou da falta de auxílio por parte dos governos federal e estadual. Freiberger cobrou agilidade para o envio do milho produzido no Centro-Oeste para o Sul do país.
– Estamos angustiados, até agora nada aconteceu. Nós não precisamos de mais conversas, nós precisamos de ações – afirmou.
O representante do setor da avicultura fez uma menção ao programa Mais Água, Mais Renda, do governo do Rio Grande do Sul.
— Eu espero que o fundo de irrigação seja uma solução para os produtores de milho. Nós precisamos plantar milho.
O coordenador da Comissão de Postura Comercial da Asgav, Daniel Bampi, falou sobre os custos da ração para o setor de produção de ovos. Segundo Bampi, 60% das despesas do setor são com a ração, que é composta de 60% de milho e 21% de farelo de soja.
– Os consumidores acreditam que a gente está aumentando (o preço) por aumentar, mas na realidade nós só estamos repassando os custos – explicou.
O secretário da Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Sul, Luiz Fernando Mainardi, afirmou que o Estado precisa aumentar a sua produtividade de milho para reverter a alta nos preços.
– Nós estamos em oitavo lugar na produção de milho e em 15º na produção de soja, o penúltimo lugar do país. Então este é o primeiro desafio que teremos: aumentar a produtividade.
Mainardi afirmou que para recuperar o atraso do Rio Grande do Sul nessas duas cadeias produtivas é preciso melhorar a gestão da propriedade, investindo em tecnologia da irrigação e em um manejo mais adequado.
O superintendente do Ministério da Agricultura, Francisco Signor, concordou com a necessidade de o Estado gaúcho produzir mais grãos e garantiu que haverá uma intervenção do Ministério se a situação se agravar.