• Produtores gaúchos discutem situação do trigo na 11ª Fenatrigo
– A esses níveis de preços, simplesmente não é viável a exportação. De janeiro até agosto, nós não exportamos praticamente nada, refletindo esse mal momento que vive o mercado internacional neste ano. E a projeção para o ano que vem é de mais aumento de estoques internacionais e, a menos que aconteça algo diferente, nós não vemos mudanças importantes no mercado internacional – afirma o economista da Farsul, Antônio da Luz.
No mercado interno, o economista aposta que a alta do dólar pode minimizar os prejuízos.
– O governo tem atuado fortemente para segurar a taxa de câmbio, uma vez o governo abandonando e deixando o câmbio flutuar livremente, é provável que tenha uma elevação da taxa, o que ajuda a situação do trigo, mas não resolve o problema global – explica o economista.
O presidente do Sindicato da Indústria do Trigo no Estado do Rio Grande do Sul (Sinditrigo-RS) defende uma maior eficiência dos produtores para a produção do trigo tipo pão.
– O principal mercado nacional é para pão, 50% do consumo está voltado ao pão. Os moinhos do RS, 50% da sua produção vai para fora, sob forma de farinha para massas. Porém, não é o maior, nós temos variedades do Estado com essa capacidade de ser trigo pão, porém elas acabam se perdendo no meio de uma miscelânea que é produzida. O ideal é que o produtor conseguisse segregar esse produto, isso para os moinhos seria quase que crucial você receber o lote com a destinação já pronta. Evidente que as variedades precisam evoluir um pouco, a estabilidade – projeta o presidente do Sinditrigo-RS, José Antoniazzi.
A Câmara Setorial do trigo do Rio Grande do Sul, que costuma se reunir a cada três meses, fez uma reunião extra, na Fenatrigo. Um balanço das ações do governo federal para a comercialização do trigo nacional foi feita no encontro, e a quantidade de recursos anunciados recentemente foi considerada insuficiente para atender a demanda, principalmente a do Estado gaúcho, que colhe a safra mais tarde.
– R$ 200 milhões para aquisições do governo federal, que está com estoques zebrados, mais R$ 150 milhões pra Prêmio de Equalização de Preços Pagos ao Produtor, no nosso sentimento são insuficientes, principalmente porque levam em consideração além do trigo, algodão, milho e laranja. O próprio governo reconhece que os volumes são insuficientes, mas é um início de gatilho, em virtude dos preços praticados aqui nas praças tanto do Paraná, quanto do RS, que estão abaixo do preço mínimo – diz Hamilton Jardim, presidente da Câmara Setorial.
Os leilões de escoamento só ocorrerão no dia 28 de outubro, quando o Estado deve estar colocando a safra no mercado. O presidente da Comissão teme que os preços baixos possam desestimular o produtor nas próximas safras.
– O governo já sabe do problema, vai ter que buscar mais recursos sob pena dos produtores receberem preços abaixo do mercado, e consequentemente isso leve ao desestímulo na próxima safra, gastando bilhões de reais, dólares, por não ter produção local, principalmente no RS, SC e PR, que responde por 90% da produção nacional – alerta.