Representantes dos produtores de algodão do Brasil estudam incluir retaliação cruzada contra os EUA

Ação foi pensada após anuncio da suspensão do pagamento feito ao Brasil para compensar os subsídios americanosRepresentantes dos produtores de algodão do Brasil estudam entrar com um novo processo contra os Estados Unidos na Organização Mundial do Comércio (OMC). A consideração foi feita após o secretário de Agricultura dos Estados Unidos, Tom Vilsack, anunciar a suspensão do pagamento feito ao Brasil para compensar os subsídios americanos.

– À luz dos desenvolvimentos nos Estados Unidos, examinaremos as hipóteses e não está excluída a hipótese da retaliação cruzada – afirmou o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota.

O ministro citou o caso, lembrando que o mecanismo da retaliação cruzada foi criado por sugestão dos EUA. Patriota mencionou que a retaliação poderia se dar no campo da propriedade intelectual.

– Por exemplo, poderia ser aplicada uma retaliação autorizada no setor de propriedade intelectual – disse.
 
A primeira disputa entre os dois países teve início em 2002, quando produtores brasileiros acusaram o governo americano de beneficiar os produtores de algodão do país nas exportações. O caso resultou em processo contra os americanos na OMC e, em 2010, foi fechado um acordo que previa o pagamento de pouco mais de U$ 147 milhões anualmente ao Brasil. Segundo o presidente do instituto brasileiro do algodão, órgão criado para administrar o dinheiro, a notícia surpreendeu o setor.

A informação ainda não foi oficializada pelo governo americano, mas Gilson Pinesso, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), manifestou preocupação em relação ao assunto. Ele explicou que o acordo previa o pagamento até a aprovação da nova lei agrícola nos Estados Unidos.
 
A expectativa é que o governo federal se posicione nos próximos meses. Especialistas não descartam a possibilidade de exigir uma retaliação cruzada. O sistema permite, por exemplo, que um produto americano seja usado sem o pagamento de royalties ou direitos autorais. Para o presidente do Instituto Brasileiro do Algodão (IBA), Haroldo Cunha, o apoio do governo vai ser essencial nessa disputa.

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