O secretário executivo da Redetec, Armando Augusto Clemente, disse que uma das principais aplicações desses novos materiais será na indústria aeronáutica.
? A Embraer tomou conhecimento do projeto e é uma das interessadas em usar esse tipo de material que você produz por meio desses rejeitos para (fabricar) acessórios de avião, como painéis, por exemplo.
O projeto será desenvolvido pela empresa Fibra Design Sustentável, que há cerca de dois anos e meio funciona na Escola Superior de Desenho Industrial (Esdi). Clemente esclareceu que parte dos recursos será usada na construção do Laboratório de Materiais Sustentáveis, dentro das dependências da Esdi. Ali serão feitas todas as experiências com os novos materiais gerados por resíduos da produção de oleaginosas, entre as quais a mamona, o pinhão e o girassol.
Bernardo Ferracioli, sócio e coordenador de projetos da Fibra Design Sustentável, revelou que a idéia é produzir materiais leves que possam ser usados na indústria aeronáutica. Ele não descartou, entretanto, que os novos compósitos que vierem a ser desenvolvidos a partir dos resíduos dos biocombustíveis possam ser usados também em outras áreas.
Uma delas é a produção de substitutos de compensados de madeira, de modo a reduzir o impacto na devastação das florestas. Outra aplicação dos novos compósitos pode ser na produção de plásticos para uso desde computadores até o interior de automóveis.
Além de desenvolver produtos menos agressivos ao meio ambiente, acrescentou Farracioli, o projeto apresenta como vantagem a geração de renda para o Nordeste do país. No caso da mamona em especial, destacou que há um descarte muito grande do caule.
Como o programa de biocombustíveis brasileiro tem uma relação muito estreita com a agricultura familiar, Farracioli disse que a idéia é “juntar a universidade com a empresa privada para criar novos materiais e novas fontes de renda para os agricultores familiares”.
A tecnologia poderá, inclusive, ser replicada no próprio campo e agregar valor à cultura agrícola. O financiamento do BNDES é oriundo do Fundo Tecnológico (Funtec). O projeto tem valor total de R$ 2,1 milhões, incluindo contrapartida do governo fluminense, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).