A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) prevê os primeiros resultados do teste com plantio de trigo geneticamente modificado para meados de julho e agosto deste ano, quando as plantas serão colhidas, disse o chefe-geral da Embrapa Trigo, Jorge Lemainski.
“Esperamos colher estes materiais (plantas transgênicas) em julho e agosto, quando analisaremos o comportamento do cereal transgênico no Cerrado. Este é o primeiro evento geneticamente modificado de trigo avaliado a campo no País”, disse Lemainski. O cultivar HB4, desenvolvido pela argentina de biotecnologia Bioceres, é resistente a estresse hídrico e tolerante ao herbicida glufosinato.
A pesquisa é desenvolvida em parceria pela Embrapa Trigo e Embrapa Cerrado e o desenvolvimento do cereal é acompanhado semanalmente pelos pesquisadores da Embrapa Cerrado in loco, segundo Lemainski.
“No momento, o material segue o trabalho normal de desenvolvimento do ciclo da cultura. Ainda não há elementos que possam levar a qualquer aspecto conclusivo”, acrescentou. Para Lemainski, se bem-sucedida nas lavouras brasileiras a variedade poderá ser uma alternativa para contribuir no aumento da produção de trigo do País no Cerrado. “Se for promissor, é uma alternativa ao sistema na busca por ampliar a produção de trigo, a fim de evitarmos desembolso de US$ 1 bilhão com importação do cereal”, completou.
A Embrapa semeou a cultivar que tem gene transgênico HB4. O plantio começou em 23 de março na Fazenda Sucupira, localizada na região administrativa de Riacho Fundo II, no Distrito Federal. Lemainski destaca que a área é cercada e segue todos os protocolos de biossegurança necessários.
“O objetivo é avaliar o comportamento do gene adicionado em três cultivares da Embrapa. É um gene que vem do girassol e que possui essa condição de adaptação a ambiente mais restrito de água, tendendo a consumir menos água e ser mais tolerante ao estresse hídrico e ao calor. Estamos avaliando o comportamento das plantas para ver se isso efetivamente ocorre no ambiente do Cerrado”, afirmou o pesquisador da Embrapa Trigo.
Apesar dos primeiros exemplares serem colhidos em agosto, as análises da funcionalidade da cultivar com transgenia podem levar outros dois a quatro anos, segundo Lemainski.
“Não tenho dúvida nenhuma de que depois desse experimento teremos que voltar a colocar o cereal no campo para ver aspectos. Se tiver funcionalidade, começará uma outra lógica de produção de sementes, mas isso é para mais à frente”, disse o pesquisador. “Primeiro, precisamos gerar informações, dados, até porque não se começa a produzir semente com avaliação de apenas um ano. Levaremos dois, três, até quatro anos avaliando o cultivar”.