O ano de 2011 teve menor produção no campo. Foi um período de reflexos no mercado.
– Existe um déficit de 130, 135 milhões de toneladas de cana. O esforço agora é para compensar este déficit, acumular a capacidade instalada, reduzir custos e voltar a crescer – relata o consultor de mercado Plínio Nastari.
Em 2011 as usinas brasileiras moeram 490 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. Cerca de 55% foram transformados em açúcar, o restante foi absorvido pelo mercado de biocombustíveis. Porém, como a produção foi menor no campo, menos etanol saiu da usina.
Uma usina localizada em Brotas, no interior de São Paulo perdeu em produtividade. O clima não ajudou. Choveu muito no inicio da safra, após veio a estiagem e depois a geada atingiu os canaviais.
– Tivemos perdas de 30% em produtividade ao longo da safra, devido a fatores climáticos – relata o diretor operacional da usina, Aluisio Vicente Ayusso.
O setor de biodiesel começa 2012 com a expectativa de aumento na mistura do diesel. Hoje são 5%, no ano que vem deve chegar a 7%, e até 20% em 2020. Mas este não é o único caminho para o crescimento deste setor.
– Nós temos um projeto bastante diferente que é usar o biodiesel em turbinas para fazer energia elétrica. E tem aquele, que talvez seja o maior projeto, que é o da química verde – explica o presidente da Usina Bioverde, Ailton Domingues.
Há tecnologia e os especialistas afirmam que não falta matéria-prima. Com a soja, a produção brasileira de biodiesel chega a 2,6 bilhões de litros por ano. As usinas brasileiras têm capacidade para produzir seis bilhões.
– Falta incentivo governamental para usar outras culturas. Para o produtor é mais fácil usar a soja que tem uma cadeia estruturada do que formar uma nova cadeia, de canola ou girassol, por exemplo – explica o especialista em biodiesel Miguel Ângelo Vedana.
Desafio é o que não falta para os setores que estão revolucionando o mercado bioenergético. Seja com o biodiesel, seja com o etanol, 2011 foi um ano em que se discutiu muito tributação, exportações, aumento de divisas e que se falou muito também das tendências, comuns aos grandes mercados.
– O que deve acontecer nos próximos dois, três anos é uma consolidação do mercado muito forte. As usinas pequenas, entre um e dois milhões de toneladas, vão acabar ou serão aglutinadas por grandes grupos ou vão perecer com problemas de caixa. Muita coisa vai acontecer nos próximos dois anos. E uma usina como a nossa só vai sobreviver se tiver valor agregado. Estes são os passos que estamos dando agora – explica o presidente da Usina de Cana, Dario Costa Gaeta.