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Diversos

Retrospectiva: Brasil encerra 2018 com trigo em alta e precisando importar

Segundo o analista da Safras & Mercado, Jonathan Pinheiro, a tendência para o restante do ano comercial é de alta nos preços, devido a baixa oferta do grão

água no trigo
Foto: Pixabay

O mercado brasileiro de trigo encerra o ano de 2018 com preços em alta. Isso devido à reduzida oferta do grão de boa qualidade. A liquidez neste período de final de ano, tradicionalmente, é reduzida a zero, levando em conta que a indústria se abastece antecipadamente.

Segundo o analista de Safras & Mercado Jonathan Pinheiro, nesta temporada, especificamente, o lado comprador foi ao mercado mais cedo ainda, prevendo a elevação das cotações graças à quebra de produtividade nesta safra. As perdas foram provocadas pelo clima: estiagem na época do plantio e chuvas em momentos desfavoráveis (desenvolvimento e colheita). Além da menor quantidade,o grão colhido apresentou baixa qualidade, não atendendo às exigências da indústria nacional.

Apesar das perdas – na comparação com a expectativa inicial -, o Brasil colheu neste ano algo em torno de 5,6 milhões de toneladas, 29% a mais do que o colhido em 2017 (4,3 milhões de toneladas). No ano passado, a quebra foi de 35% na comparação com 2016, quando foram colhidas 6,7 milhões de toneladas e não houve grandes perdas por causa do clima. Sendo assim, a safra de 2018 foi apenas 16,2% inferior à de 2016 – última a ter uma colheita sem interferência climática.

Mesmo com o volume colhido em 2018, o grão de qualidade é escasso. No Paraná, das 2,9 milhões de toneladas colhidas, apenas 30% são de boa qualidade. Normalmente o mercado espera em torno de 80%. Isso abre espaço para uma maior necessidade de importações.

Apesar dos maiores custos, os volumes já importados nesta temporada são maiores do que o registrado em 2017/18. Nos primeiros quatro meses de 2018/19, foram importadas 2,208 milhões de toneladas, 9,85% a mais do que as 2,009 milhões de toneladas compradas no mesmo período da safra anterior.

Perspectiva

A tendência para o restante do ano comercial é de alta nos preços, visto que não haverá trigo nacional de qualidade para suprir a demanda interna. Os custos de importação também estão elevados, levando em conta a alta dos preços no mercado argentino e a valorização do dólar em relação ao real.

Quanto ao grão brasileiro, a tendência é que, além da boa parcela de baixa qualidade escoada ao mercado internacional, outra parte será negociada no Brasil. Grandes volumes já foram importados e, segundo o analista, não devem haver mais exportações representativas.

A Argentina, principal fornecedor de trigo ao Brasil, deve ter crescimento nos seus excedentes exportáveis. A produção do país é estimada entre 19 e 20 milhões de toneladas e parte deste volume já foi negociada para chegar ao Brasil. Outra parte também deve vir para cá, conforme Jonathan Pinheiro.

O Paraguai, que também teve a safra prejudicada pelo clima, também tem excedentes exportáveis. Apesar do menor volume, parte de sua oferta deve abastecer o oeste do Paraná.

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