As sessões de negociação foram marcadas para começar e terminar mais cedo, por causa da abertura da Copa do Mundo. Mas mesmo com o secretário da conferência, Yvo de Boer, vestindo uma camisa da seleção sul-africana, o clima na plenária não foi amistoso. Rússia e Japão bloquearam por mais de uma hora as discussões sobre a renovação do Protocolo de Kyoto.
Mas finalizar decisões não era a prioridade do encontro. Os diplomatas voltam agora para casa com a tarefa de ler os vários esboços de um possível acordo que foram redigidos em Bonn. Esses textos vão ser debatidos em duas reuniões, de uma semana de duração cada uma, que vão ser marcadas antes da Conferência de Cancun, no mês de dezembro.
A grande dúvida aqui em Bonn era saber que futuro teriam as negociações sobre as mudanças climáticas dentro da ONU, depois da tão criticada COP15 em Copenhague. Naquela ocasião, os negociadores reclamaram de muita pressão e confusão para a assinatura de um acordo que não passou de uma carta de intenções. Mas por aqui, sem a presença de chefes de Estado e com um número bem menor de ativistas de ONGs e também de jornalistas, o trabalho técnico dos diplomatas foi retomado. A análise de muitos deles é de que a confiança mútua, que havia sido destruída em Copenhague, voltou para as mesas de negociação.
A consultora do Greenpeace Kaisa Kosonen acredita que Bonn marca a retomada das negociações. No entanto, ela diz que ainda falta boa vontade dos governos de muitos países.
? Como os países ricos vão garantir que o dinheiro prometido para os países em desenvolvimento vai começar a ser distribuído? Tanto para o curto quanto para o longo prazo. Porque esses são assuntos em que os negociadores precisam de orientação dos ministros de seus países, e esse foi um aspecto no qual nós não vimos muito avanço desde Copenhague.
A poucos dias de se aposentar do cargo de secretário da conferência da ONU para mudanças climáticas, Yvo de Boer, lembrou que a agricultura vem ganhando importância nas últimas rodadas de negociações.
Boas práticas agrícolas podem ajudar a reduzir emissões, por exemplo, com o plantio direto, ao mesmo tempo que alguns tipos de uso do solo podem ajudar a capturar gás carbônico, portanto a agricultura pode ser uma fonte mas também pode absorver carbono.