Em reunião com secretário-geral da ONU, entidades criticam documento final da Rio+20

Representantes de organizações não-governamentais reclamaram da falta de comprometimento dos países mais ricosRepresentantes da sociedade civil se reuniram nesta sexta, dia 22, com o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, e disseram estar decepcionados com os resultados da Rio+20. Segundo Sharan Burrow, secretária-geral da International Trade Union Confederation, instituição que representa 175 milhões de trabalhadores de mais de 150 países, o documento final da conferência não contempla os interesses das populações vulneráveis, não tem metas concretas, nem prazos de implementação.

– Queremos um modelo econômico diferente, um futuro sustentável e isso não aconteceu aqui. Nosso sentimento é de profunda tristeza e frustração. As pessoas sem emprego no mundo, por exemplo, não têm nenhuma garantia de melhora, de que os líderes globais vão trabalhar por soluções – afirmou ela, que pretende iniciar uma mobilização internacional dos trabalhadores para pressionar seus governos e cobrar alternativas de desenvolvimento.

O diretor executivo do Greenpeace Internacional, Kumi Naidoo, destacou a diferença entre os resultados da conferência das Nações Unidas e da Cúpula dos Povos, evento paralelo que reúne representantes da sociedade civil num contraponto ao encontro dos líderes globais. Ele defendeu que é preciso pensar e agir além dos interesses nacionais.

– Na Cúpula dos Povos você vê gente de todos os países, indígenas, religiosos, representantes de sindicatos, dos movimentos das mulheres, mas transcendemos a fixação pelo nacional, porque sabemos que não vamos resolver as coisas dessa forma. Ao contrário, os líderes mundiais estão obcecados pelos interesses nacionais, de curto prazo – disse.

Naidoo também criticou a ausência de negociações entre os chefes de Estado e de Governo durante a conferência. Segundo o diretor executivo do Greenpeace Internacional, eles vieram ao Rio para “posar para fotos e anunciar projetos” e aceitaram um texto produzido por “burocratas”.

– Eles ficaram aqui três dias e não gastaram nem uma hora negociando entre si. Usaram essa oportunidade para anunciar projetos e iniciativas e para tirar fotos. Entendemos as enormes dificuldades das negociações, mas eles tinham sobre a mesa um texto sem substância e deveriam ter trabalhado duro – disse.