Sem consenso para um novo instrumento jurídico que fixe metas obrigatórias de redução de emissões de gases de efeito estufa para os países ricos e crie compromissos de mitigação também para os países em desenvolvimento, o objetivo em Cancun será pelo menos institucionalizar os acordos informais fechados em Copenhague em 2009.
Entre os compromissos políticos assumidos no Acordo de Copenhague ? e que ainda não tiveram resultados práticos ? estão novos percentuais de redução de emissões e a garantia de recursos para o financiamento de ações de combate ao aquecimento global, principalmente nas regiões mais vulneráveis.
Em 2009, os países ricos se comprometeram a repassar US$ 30 bilhões até 2012 e a criar um financiamento de longo prazo para chegar a investimentos de US$ 100 bilhões anuais em 2020. A expectativa é que em Cancun os 192 países da negociação decidam como os repasses serão feitos e que organismo vai operacionalizar os investimentos. Além da criação de um fundo específico, parte do dinheiro poderá ser gerenciada por instituições financeiras globais, como o Banco Mundial.
O mecanismo de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação (Redd) também poderá ser finalmente regulamentado em Cancun. A ideia é financiar a conservação, proteção e recuperação de florestas que têm papel importante na redução de emissões de gases estufa porque armazenam grandes estoques de carbono. O Redd deverá beneficiar países donos de florestas tropicais, como o Brasil e a Indonésia.
Um ano depois de apresentar em Copenhague o compromisso de reduzir as emissões nacionais de gases estufa entre 36,1% e 38,9% até 2020, o Brasil vai chegar a Cancun com a Política Nacional sobre Mudanças do Clima aprovada e a regulamentação do Fundo Clima ? que prevê R$ 226 milhões para ações de mitigação e adaptação.
O governo brasileiro também deve apresentar em Cancun os novos números do desmatamento anual da Amazônia, que deverão confirmar a tendência de queda e chegar ao menor valor dos últimos 22 anos.