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PRODUÇÃO

Rio Grande do Sul avança com cereais de inverno em terras baixas

O Rio Grande do Sul possui cerca de 4 milhões de hectares em terras baixas, o que representa 15% do território gaúcho

A metade sul do Rio Grande do Sul é a maior produtora de arroz do país.

De acordo com o Instituto Rio-Grandense do Arroz (Irga) na safra 22/23 foram 7,2 milhões de toneladas colhidas em uma área semeada de 839.9 mil hectares.

Mas o potencial das terras baixas ou de várzea é bem maior.

Segundo a Embrapa Clima Temperado seriam pelo menos 3 milhões de hectares disponíveis para cultivos nesse tipo de solo.

A desvalorização do preço do arroz e os custos de produção barraram o avanço.

Associado a isso, produtores buscam diversificar as culturas para rentabilizar e fazer a rotação e sucessão, benéficas a todo sistema produtivo.

Na safra passada, a área de soja em várzea chegou a 506 mil hectares de produção, a maior marca já registrada em 14 anos de levantamento.

O milho também avança com 12 mil hectares.

Além da safra de verão, produtores da região começaram a apostar no inverno com o plantio de trigo.

Ainda não há números oficiais porque grande parte são áreas de teste e pesquisa, mas os resultados nessas áreas têm sido satisfatórios.

“Estamos recentes, melhorando os nossos solos em terras baixas, colocando matéria seca, colocando palha em nossas áreas, corrigindo questões de relevo então acreditamos que ainda temos um potencial a percorrer mas os dados já noticiados em dias de campo apontam mais de 4 mil quilos por hectare com o trigo, média acima do que o estado colhe”, afirma o pesquisador da Embrapa Clima Temperado, André Andres.

A metade sul, especialmente a região de Bagé, já concentra a terceira maior área plantada de trigo no estado.

Conforme levantamento da Emater/RS são 175 mil hectares na safra 23/24, somente atrás das regiões de Santa Rosa e Ijuí.

“É uma alternativa, é muito importante disponibilizar para os produtores alternativas. Além disso é uma importante ferramenta para rotação de culturas. Hoje muita gente ainda colhe arroz e não planta nada e o trigo entra para rentabilizar o inverno”, explica o extensionista da Emater Porto Alegre, Célio Colle.

Além da Embrapa outras entidades pesquisam o trigo em terras baixas como universidades.

No Rio Grande do Sul o Projeto Duas Safras, uma parceria da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e as unidades da Embrapa no Sul do Brasil também avaliam as culturas de inverno em terras baixas em um projeto que deve se estender por pelo menos três safras.

Serão observados aspectos como cultivo de cereais de inverno em terras baixas com avaliação de manejo de animais sob pastoreio de forma alternada; avaliação do desempenho de trigo e o triticale em sistema sulco-camalhão; e avaliação de triticale, trigo, aveia e azevém com o uso da tecnologia de camalhões de base larga.

Um dia de campo acontece no dia 12 de setembro, na Embrapa Clima Temperado, em Capão do Leão, com áreas de demonstração dos sistemas e seus resultados.

Área em teste

No município de Camaquã (RS), o técnico agrícola e produtor Émerson Peres comprou uma área improdutiva há alguns anos. As terras produziam antes somente arroz.

Com uso de tecnologias ele fez a recuperação do solo.

Na safra passada cultivou soja e milho, colhendo acima da média do estado mesmo com estiagem. Neste ciclo são 50 hectares com trigo.

“A ideia aqui é, através do sulco-camalhão, tornar possível o manejo durante o inverno. Primeiro nós vamos tentar com o trigo e depois com outras culturas mas o que está mais perto no momento é o trigo, que vem desenvolvendo bem”, comenta.

Para ele um dos segredos está em preparar bem o nível do terreno para que permita o escoamento da água, uma vez que, o trigo não tolera excessos de umidade.

Essa é a chamada suavização.

“A última chuva surpreendeu, que foi o ciclone de julho. Aqui foram mais de 90 milímetros e 48 horas depois o terreno já estava drenado. Esse é um ponto importante porque a umidade faz o trigo desenvolver muitas doenças. Essa é uma vantagem das terras baixas. A gente controla tanto a drenagem quanto a irrigação quando precisa”, comenta Peres.

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