– No ano passado, tivemos uma produção maior que a do Paraná e, neste ano, tivemos acréscimo de 6% na área cultivada. Quer dizer que a tendência era que tivéssemos uma produção maior ainda, mas o que ocorreu foi uma diminuição em função das condições climáticas – explica o engenheiro agrônomo da Emater-RS, Alencar Rugeri.
Muitos produtores gaúchos perderam toda a plantação, o que fez a quebra se consolidar como uma das piores dos últimos anos. O Estado deve colher 1,9 milhão de toneladas do cereal.
– Temos cerca de 28% de perdas estimadas. A última grande quebra que tivemos foi em 2006, 1.350 quilos de produtividade, foi o resquício da seca de 2005. Depois, tivemos anos muito bons, como foi o ano passado – acrescenta Alencar.
Segundo o analista de mercado Renan Gomes, mais de 500 mil toneladas já foram comercializadas no Estado. Ele recomenda aos produtores que ainda não venderam que aguardem, pois os preços estão em elevação.
– O produtor tem que ficar atento às variáveis que não consegue controlar: primeiro, o dólar, que encarece a importação. Outro fator importante é o momento de entressafra no Mercosul, principalmente o trigo da Argentina, que entra forte no mercado nacional, que inicia a partir de fevereiro, então, os preços podem subir e valorizar o trigo nacional – comenta.
A quebra na safra pode ter mais reflexos, como uma maior importação de trigo no país. Em 2011, foram mais de seis milhões de toneladas e, neste ano, analistas apontam que o número deve ser bem maior.
– A gente espera em torno de um milhão de toneladas importadas a mais no país. Já temos sondagens para importar trigo dos Estados Unidos, porque a disponibilidade de trigo do Mercosul não está favorecendo a importação, até porque a Argentina também sofreu com problemas climáticos – afirma o analista.
Com a importação de trigo mais caro, a tendência é que os valores se elevem para o consumidor. O preço do pão francês, por exemplo, pode encarecer 20%.