O gerente de Planejamento e Operações da Fetranspor, Guilherme Wilson, disse que o diesel de cana é um combustível que não está ainda disponível no país em termos comerciais.
? O potencial dele é enorme e a gente quer explorá-lo experimentalmente ? disse Guilherme Wilson.
Nos próximos 12 meses, o projeto testará a adição ao diesel fóssil de 30% de diesel obtido a partir da cana-de-açúcar em 20 ônibus. Depois, serão 30 veículos de transporte de passageiros. Eles vão operar nas linhas 125 (Central do Brasil-Praça General Osório) e 409 (Praça Saens Pena-Jardim Botânico). A produção em escala do diesel de cana está prevista para o ano que vem.
Os resultados dos testes serão apresentados durante a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável Rio+20, que ocorrerá na capital fluminense, em junho de 2012. Wilson disse que esses resultados determinarão a estratégia de adoção do produto pela frota de veículos de passageiros.
A avaliação de desempenho, de redução de emissões, controle de consumo, impactos na durabilidade e nos dispositivos de injeção de motor durante os testes será feita pela Coordenação de Programas de Pós-Graduação de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ), em conjunto com a Mercedes Benz, a BR Distribuidora e a Michelin, também parceiras no projeto.
? A gente está falando de um potencial de redução de emissão de gases de efeito estufa de até 90%, porque o combustível é feito a partir de biomassa renovável, no caso a cana-de-açúcar. Em vez de o usineiro fazer álcool, ele pode botar a matéria-prima em outra linha e fazer diesel ? assinalou Wilson.
De acordo com ele, o experimento determinará também se haverá redução de custos para as empresas de ônibus.
? Com a entrada em escala da produção a partir do ano que vem, vamos identificar [a eventual redução], porque são preços de mercado. Não temos controle. Somos operadores. Queremos operar com o melhor combustível e com um preço que mantenha o equilíbrio econômico e financeiro do setor. A expectativa é que o preço do diesel de cana seja competitivo ? falou.
A principal vantagem do diesel de cana, destacou o gerente da Fetranspor, é que não haverá necessidade de alteração mecânica nos motores. Com isso, as empresas não terão que fazer investimentos adicionais para substituir o diesel fóssil pelo de cana.
? Você substitui o diesel mineral por um diesel renovável e usa os mesmos motores. Para o setor operador, é uma grande vantagem, porque não está assumindo novos custos, novos riscos, não tem que fazer uma renovação de frota ? frisou.
O presidente da Amyris Brasil, Paulo Diniz, disse que isso acaba também refletindo no bolso do consumidor, “uma vez que a população não vai ter que pagar por nenhuma adaptação a mais, por nenhum tipo de aditivo diferente”.
O secretário estadual de Transportes, Júlio Lopes, destacou que “essa é mais uma excelente alternativa que o estado vai contar para cumprir os seus compromissos internacionais relacionados à questão da sustentabilidade”. Ele está convicto de que esse projeto é viável e “abre uma nova perspectiva para o Brasil, em termos de produtos sustentáveis e de visibilidade da sua produção nacional em relação à sustentabilidade global”.
Diniz acrescentou que os testes com a biotecnologia do diesel de cana estão sendo concentrados no Rio de Janeiro e São Paulo. O projeto, completou, objetiva melhorar a qualidade do ar e reduzir as emissões de gases poluentes, por meio de um biocombustível produzido no Brasil, o que resultará na redução da importação de diesel.
Tendo em vista a realização no Rio de Janeiro de eventos como a Rio+20, em 2012; a Copa das Confederações, em 2013; a Copa do Mundo, em 2014; e as Olimpíadas, em 2016, Diniz confirmou que a ideia é ir ampliando cada vez mais o número de ônibus das frotas movidos a diesel de cana, de forma a permear todo o mercado.
Diniz informou que os testes feitos em São Paulo tiveram resultados positivos.
? Já temos hoje frotas trocando algo em torno de 160 veículos para colocar esse combustível. Acho que a aprovação, do ponto de vista técnico, já ocorreu em São Paulo ? observou.
A Amyris Brasil investiu cerca de US$ 500 milhões no desenvolvimento dessa nova tecnologia.
? Esse é o caminho que estamos procurando para encontrar a eficiência energética ? disse o secretário municipal de Transportes do Rio de Janeiro, Alexandre Sansão.