Um dos problemas encontrados pelos representantes são as concessões tecnológicas, que podem prejudicar a propriedade intelectual e os direitos comerciais das indústrias. Outro aspecto seria o agravamento da crise na Europa, que inviabiliza o repasse de dinheiro ao fundo que seria usado para financiar os países pobres.
De acordo com Rodrigo Justus de Brito, coordenador de meio ambiente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), a criação da linha de financiamento para as nações mais pobres, que já tinha sido adiada para 2020, agora só deverá ser implantada em 2030.
— Tudo indica que a conferência (Rio+20) não vai gerar um documento mandatório, mas apenas um conjunto de diretrizes ambientais que voltará a ser discutida individualmente em encontros futuros — avalia.
Apesar das mudanças, o representante afirma que as metas da agricultura nacional seguem inabaladas.
— Já reduzimos os desmatamentos em 77% nos últimos três anos, enquanto a meta era diminuir em 80% até 2020. Também criamos programas como o Agricultura de Baixo Carbono (ABC) para financiar um sistema produtivo mais sustentável. Mesmo não sendo obrigado, o Brasil está fazendo a lição de casa — afirma.
Propostas para agropecuária
A CNA apresentou nesta segunda as propostas do setor agropecuário para desenvolvimento sustentável. O documento prevê a criação de um índice para medir a contribuição ao meio ambiente e a instituição de um fundo para financiar e divulgar tecnologias no campo.
A entidade reuniu informações sobre a produção da agricultura e pecuária do brasil e a contribuição dos produtores rurais para a preservação. Segundo a presidente da CNA, Kátia Abreu, com a criação do Índice Global de Desenvolvimento, os países que produzem de forma sustentável devem receber remuneração mais adequada para manejo e comercialização de seus produtos e devem ser reconhecidos pelos serviços ambientais. O fundo para financiar o uso de tecnologia, que é a outra proposta, pode ajudar também os pequenos e aumentar a competitividade no mercado.
A senadora também criticou o rigor da atuação de ambientalistas e afirmou que a presença dos produtores rurais na Rio+20 ajuda a popularizar a discussão.
— Alguns ambientalistas colocaram um Muro de Berlim entre as pessoas e a floresta. Nós estamos aqui derrubando este muro e aproximando as pessoas das florestas e dos biomas. Pela primeira vez, estamos aqui (na conferência mundial), pois há 20 anos nem sequer visitamos a Eco-92 — afirmou a líder da bancada ruralista no Senado.