Além de obstáculos tradicionais, como a falta de investimentos em infraestrutura dos portos brasileiros, a nova legislação deve elevar o frete, impactando nos preços finais aos produtores, como revela levantamento divulgado nessa segunda, dia 12, pela Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (Fecoagro).
– Como a maior parte da produção é escoada pelas rodovias, há uma preocupação de que a oferta de frete seja limitada – pondera Tarcísio Minetto, economista da Fecoagro.
Dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos indicam que o custo para o transporte de uma tonelada de soja por uma distância de 461 quilômetros de uma propriedade no Noroeste do Estado até o porto de Rio Grande, equivale a 19% do custo de produção. Nos Estados Unidos, o transporte de uma propriedade distante 2,7 mil quilômetros do porto local corresponde a 18%.
– O custo logístico é muito alto, o que impede que o produtor de soja tenha ganhos maiores – diz o economista do da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), Antônio da Luz.
Conforme Ivo Lessa, consultor técnico da Farsul, é preciso investir:
– Temos um modal rodoviário inferior ao necessário e falta de locais de armazenagem.
Com uma estimativa de lucro de 73,12% – considerando-se uma produtividade média de 42 sacas por hectare e preço médio de R$ 66,53 por saca em outubro -, a soja se confirma como a grande aposta da estação. O levantamento dos custos da produção da Fecoagro confirma o avanço do grão sobre outras culturas. Entre as principais razões para o aumento da área – entre 5% e 6%- , estão a rentabilidade e a valorização do preço, decorrente da quebra da safra nos Estados Unidos.
– O momento é da soja. Calculamos que cerca de 30% da safra foi vendida antecipadamente, visando garantir um preço alto – afirma o economista Tarcísio Minetto.
No caso do milho, a rentabilidade estimada é de 25,30% (produtividade de 90 sacas por hectare). No caso do trigo, o prejuízo fica em 18,10% resultado do efeito do clima. Apesar de o lucro crescer para a soja e para o milho, os custos da produção também avançaram acima da inflação.
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