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Roberto Rodrigues critica falta de estratégia para setor sucroenergético

Ex-ministro defende realinhamento dos preços da gasolina, observando que os valores estão abaixo das cotações mundiaisO ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, atual coordenador do Centro de Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas, disse nesta terça, dia 13, que o governo não tem estratégia para o setor sucroenergético. Fundador e primeiro presidente da Organização dos Plantadores de Cana do Estado de São Paulo (Orplana), no fim dos anos 1970, Roberto Rodrigues afirmou que encara a atual crise com "muita tristeza, pois a inação do governo está destruindo um setor que poderia representar uma mudança de par

Na avaliação do ex-ministro, as soluções para o setor, principalmente no caso do etanol, são de “uma obviedade cristalina”. Ele defende o realinhamento dos preços da gasolina, observando que os valores estão abaixo das cotações mundiais, o que gera prejuízos para a Petrobras e para toda sociedade brasileira. Rodrigues disse que o argumento de que não se deve aumentar o preço da gasolina porque poderia pressionar a inflação não se justifica, “porque quem sempre paga a conta no fim é o contribuinte”.

Na opinião de Roberto Rodrigues, outras duas questões prioritárias são a solução para o problema tributário da cadeia produtiva e a desburocratização do crédito para investimento no setor. Ele lembrou que, em virtude da crise atual, o acesso ao crédito esbarra na falta de garantias.

– A usina que está devendo não consegue pegar dinheiro novo. Ninguém vai querer investir em uma atividade que não está dando lucro – comentou ele, alertando que o setor continuará em crise enquanto estas questões não forem resolvidas.

Roberto Rodrigues está em Brasília nesta terça, dia 13, para participar como um dos debatedores do seminário “Centro-Oeste – Tempo 3”, fórum que discute as bases para o planejamento estratégico visando o desenvolvimento sustentável da região. No encontro, Rodrigues defendeu a formação de estoques estratégicos globais de grãos, visando a segurança alimentar do planeta. Ele salientou que a recente quebra da safra norte-americana mostrou a importância estratégica dos estoques.

– Tem de ser uma coisa esterilizada (que não pressione os mercados), de governança global, e não de um país – afirmou ele, que sugere a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) como gestora dos estoques.

Na visão do ex-ministro, a segurança alimentar deve levar em conta produção, estocagem e políticas de sustentação de preços de caráter universal. Entretanto, informou ele, os governos (dirigentes) dos países desenvolvidos são de formação urbana e pensam na segurança alimentar apenas sob a ótica do abastecimento, deixando em segundo plano a produção.

– Isso se deve ao fato de o abastecimento dar votos, pois todo mundo é consumidor. O Brasil tem responsabilidade enorme no que diz respeito à produção, porque aqui está o grande Maracanã onde será jogada a Copa do Mundo da segurança alimentar, sobretudo o Cerrado brasileiro – concluiu.

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