Roberto Rodrigues estima cenário positivo para açúcar e suco de laranja

Mercado está de olho no desempenho da Índia e da FlóridaO presidente do Conselho Superior do Agronegócio (Cosag) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, avalia que o açúcar e o suco de laranja são os produtos da pauta de exportações do agronegócio com melhores perspectivas de preço nos próximos meses.

? O açúcar já está muito bem e deve continuar assim pelos próximos meses, enquanto a Índia permanecer fora do mercado. Com a geada na Flórida, o preço do suco de laranja já vem subindo e a tendência é de que o da laranja melhore também ? disse Rodrigues nessa segunda, dia 1º, após participar de evento sobre irrigação e uso racional da água na Fiesp.

Segundo Rodrigues, em janeiro, um terço das exportações brasileiras de açúcar foi comprado pela Índia – país que é um dos maiores produtores e consumidores da commodity, mas que, em função da queda da produção local de cana, passou temporariamente da condição de exportador para a de importador.

? Até agosto ou setembro, a Índia deve permanecer fora da produção e, a partir daí, deve ter uma participação mais efetiva no processo. Mas é preciso ver como será essa retomada da produção da Índia, de que forma impactará os preços ? disse Rodrigues.

Para o milho e o algodão, Rodrigues prevê estabilidade de preços, enquanto as cotações da soja devem ser pressionadas pela grande oferta assegurada por Brasil, Estados Unidos e Argentina. Rodrigues ressalva, contudo, que o preço das commodities dependerá de como o dólar se comportará ao longo do ano.

? Não arrisco previsão sobre isso, não há clareza sobre o que vai acontecer ? disse o ex-ministro, que considera que eventuais dificuldades nas exportações possam ser mitigadas pelo bom desempenho do mercado interno. “

? Basta ver o desempenho, na bolsa, de fabricantes de fertilizantes e óleo de soja ? disse Rodrigues, referindo-as a dois produtos com forte demanda doméstica.

Chuvas ainda são ameaça

As chuvas, por sua vez, devem prejudicar a produção agrícola de forma pontual, em determinados setores.

? Costumo dizer que é preferível perder por excesso de chuva do que por falta dela. Quando falta, todo mundo perde ? disse Rodrigues.

? Mas há, certamente, um problema sério para a produção de arroz no Rio Grande do Sul. E, em algumas partes, na colheita de soja também. As chuvas não são algo grave para o setor agrícola como um todo, mas há problemas pontuais.

O presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Cesário Ramalho da Silva, também presente ao evento, disse que a produção está sendo beneficiada pelo clima.

? Na minha região (Mato Grosso do Sul), está tudo bem. Teremos uma safra recorde de soja, não apenas em produção, mas também em produtividade. Estamos projetando 3 mil quilos por hectare, uma produtividade melhor do que a americana ? disse.