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A Conab fez as contas e concluiu que sairia mais caro deslocar os grãos por diferentes modais. As rodovias ainda são o meio mais barato para o transporte de cargas de Mato Grosso para o Nordeste.
– Nós fizemos ações que vão de Mato Grosso, que segue por Porto Velho e descarregam o produto em Recife, dá um total de R$ 700. Nós temos a mesma operação sendo feita por caminhão por R$ 370 reais. Se nós fizermos operações via Paraná pelo Porto de Santa Catarina e subindo para o interior da Bahia, vai ficar por R$ 650 – afirma o Superintendente de Logística Operacional da Conab, Carlos Eduardo Tavares.
De acordo com o presidente da Seção de Transporte de Cargas da CNT, Flávio Benatti, o transporte rodoviário ainda será por um bom tempo aquele que mais vai dar suporte no escoamento da safra brasileira ou de qualquer outra riqueza produzida no país.
O tempo de caminhão também é mais curto para o deslocamento do Centro-Oeste para o Nordeste: leva de três a seis dias. Se precisasse passar por algum porto, a mesma carga levaria até 45 dias para chegar ao destino.
– Se você fizer fluvial você leva muito mais, mas o tempo é maior. O ferroviário também é mais demorado porque o caminhão é muito mais versátil. Ou seja, a velocidade média é realmente maior. Isso todo mundo constata. Daí a importância, e o que impacta hoje exatamente nesse custo no aspecto tempo de carregamento e descarregamento e nesse particular o caminhão é imbatível – garante Benatti.
Ainda assim, a Organização das Cooperativas Brasileiras alerta que o Brasil perde em competitividade frente aos concorrentes. Como os Estados Unidos, que tem as hidrovias em pleno funcionamento.
– Pagar R$ 370 por tonelada pra sair da zona produtora para a consumidora é tão absurdo, que eu vou dizer para você que o milho, pra sair do cinturão verde lá de Chicago, nos Estados Unidos, e chegar na Califórnia, gasta US$ 18 por tonelada. Em Reais, isso dá 35, 36 reais por tonelada. Nós estamos falando de uma distância semelhante aqui no Brasil, que é da zona produtora em Mato Grosso à zona consumidora no interior do Nordeste, em dez vezes. Isso acaba com a qualquer eficiência produtiva e tecnológica dentro da porteira – afirma o presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Márcio Lopes de Freitas.
O estudo reconhece que outros modais, como as ferrovias, precisam entrar em funcionamento para que os deslocamentos de longa distância tenham o preço reduzido.
– Buscamos alternativas, como, por exemplo, a BR-163, para Santarém: a alternativa seria melhoria do transporte. No Rio Madeira, nós achamos também que é fundamental para o abastecimento no Nordeste, finalmente a construção da Norte-Sul ou acabar com a obra da Norte-Sul, que já vem decorrendo mais de 25 anos de obra em uma construção que hoje é muito necessário para o suprimento do Nordeste – afirma Carlos Eduardo Tavares.
– Tem um ditado que diz: quem não tem cão, caça com gato. Se nós não temos a rodovia, não temos as hidrovias autorizadas, se nós ainda não conseguimos viabilizar as ferrovias, adequadamente, o jeito que tem é rodar pneu de caminhão – diz o presidente da OCB, Márcio Lopes de Freitas.