As perdas da soja por falta de chuvas no Rio Grande do Sul parecem ser irreparáveis e podem, ainda, aumentar. Até o momento, um levantamento realizado pela Rede Técnica Cooperativa (RTC), com o apoio da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul (FecoAgro-RS), estima que as perdas na na produção de soja no Rio Grande do Sul estão em 46,6%. Vale ressaltar que o último levantamento da Emater-RS, divulgado na semana passada, estimava perdas na casa dos 32% no estado.
Em uma conta rápida, a previsão inicial do estado era colher 19,7 milhões de toneladas de soja nesta temporada, com os 46,6% de quebra previstos pela Fecoagro, o total seria de no máximo 10,6 milhões de toneladas. Já a estimativa da Emater renderia um total de 13,3 milhões de toneladas.
Segundo a Fecoagro, os números foram levantados junto a 21 cooperativas agropecuárias do estado, que representam cerca de 3 milhões de hectares da cultura no estado. Para o presidente da entidade, Paulo Pires, mesmo que haja retorno de chuvas, a situação é irrecuperável.
“É um quadro muito sério para o Rio Grande do Sul. Estas perdas são irreversíveis, mesmo com previsão e ocorrência de chuvas. Vamos caminhar para um ano muito difícil. Além da perda de quantidade, temos uma perda de qualidade na produção”, avalia.
A Fecoagro confirmou que o governador do estado, Eduardo Leite, parlamentares gaúchos e entidades do setor entregaram à ministra da Agricultura, Tereza Cristina, um documento com medidas para amenizar as perdas aos produtores rurais atingidos pela estiagem no Rio Grande do Sul.
“Cada vez estas medidas se tornam mais necessárias para resolvermos os problemas desta safra, criar um impacto e condições para que o produtor pague suas contas”, comenta Pires, acrescentando também o problema da pandemia do Coronavírus que vai impactar na economia mundial.
Emater-RS estimava 32%
Na semana passada a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do estado (Emater-RS) estimou que as perdas no estado pudessem chegar a 32,3%. A expectativa era que neste ciclo, a produção da oleaginosa chegasse a 19,7 milhões de toneladas, se tudo desse certo.
Segundo a Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul, esta é a pior seca desde a safra 2012/2013. “Historicamente, a cada dez anos, em sete deles nós tivemos algum comprometimento do potencial produtivo das lavouras e das pastagens em função de alguma restrição hídrica. Apesar disso, desde a safra de 2012/2013 para cá, não tivemos uma estiagem que causasse um prejuízo maior na nossa produção”, afirmou o secretário em exercício da pasta, Luiz Fernando Rodrigues Júnior.