? A decisão russa chega num momento de sufoco, quando as agroindústrias detém mais de 50 mil toneladas em estoques somente em território catarinense ? festeja o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina – Faesc, José Zeferino Pedrozo.
O dirigente lembrou que o Estado enfrentou dificuldades na abertura de novos mercados em decorrência da lentidão dos países em reconhecer Santa Catarina como detentora de status sanitário máximo, indicando a erradicação da aftosa. A Organização Internacional de Saúde Animal – OIE concedeu esse atestado depois de ações dos serviços públicos de saúde animal, estaduais e federais, e de investimentos do setor privado por meio do Icasa ? Instituto Catarinense de Agropecuária, desde 2005.
O último ano em que Santa Catarina exportou para a Rússia foi em 2005, quando o volume chegou a 250 mil toneladas por ano, enquanto as exportações brasileiras totalizavam 400 mil toneladas. Daquele ano em diante, a Rússia deixou de comprar carne catarinense, embora continuasse importando do Rio Grande do Sul e de outros Estados brasileiros.
? De forma injusta, Santa Catarina não participou desta festa ? lamenta Pedrozo, lembrando que, em 2008, as vendas para a Rússia somaram 225,79 mil toneladas, num total de US$ 741,52 milhões, uma queda de 18,99% em volume e 11,08% em valor, ante igual período de 2007. O maior fornecedor para o mercado russo foi o Rio Grande do Sul. Considerado todos os mercados (e não apenas a Rússia), as exportações totais de carne suína do ano passado atingiram um resultado histórico: o país exportou US$ 1,48 bilhão (crescimento de 20%) chegando a 529,41 mil toneladas, 77 mil a menos que em 2007.
O presidente da Coopercentral Aurora, Mário Lanznaster, prevê que, agora, poderá começar uma lenta recuperação do setor: os preços praticados com os criadores vão parar de cair e o produto voltar, paulatinamente, a se valorizar. Observou que “será um processo demorado, lento e gradual”.
O diretor de mercado interno da Abipcs, Jurandir Machado, disse que a Rússia enviará um veterinário para revisar as plantas, não sendo necessário missões técnicas, pois as unidades industriais já foram vistoriadas e aprovadas no passado.
A redução das vendas externas em volume se deve ao bom desempenho do mercado interno, onde houve uma ampliação do consumo em 2008, e à queda das exportações nos dois últimos meses do ano passado. A crise financeira global afetou fortemente importantes mercados e as exportações para a Rússia limitaram-se a 11,85 mil toneladas em dezembro de 2008, ante 36,62 mil toneladas em dezembro de 2007.