Rússia retoma importações de carne suína de Santa Catarina

Estado foi proibido de exportar para russos há quatro anosA Rússia vai retomar as compras de carne suína produzida em Santa Catarina. A informação foi confirmada nesta terça, dia 17, pela Associação Brasileira das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Carne Suína - Abipecs. O país havia interrompido as importações há quatro anos.

? A decisão russa chega num momento de sufoco, quando as agroindústrias detém mais de 50 mil toneladas em estoques somente em território catarinense ? festeja o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina – Faesc, José Zeferino Pedrozo.

O dirigente lembrou que o Estado enfrentou dificuldades na abertura de novos mercados em decorrência da lentidão dos países em reconhecer Santa Catarina como detentora de status sanitário máximo, indicando a erradicação da aftosa. A Organização Internacional de Saúde Animal – OIE concedeu esse atestado depois de ações dos serviços públicos de saúde animal, estaduais e federais, e de investimentos do setor privado por meio do Icasa ? Instituto Catarinense de Agropecuária, desde 2005.

O último ano em que Santa Catarina exportou para a Rússia foi em 2005, quando o volume chegou a 250 mil toneladas por ano, enquanto as exportações brasileiras totalizavam 400 mil toneladas. Daquele ano em diante, a Rússia deixou de comprar carne catarinense, embora continuasse importando do Rio Grande do Sul e de outros Estados brasileiros.

? De forma injusta, Santa Catarina não participou desta festa ? lamenta Pedrozo, lembrando que, em 2008, as vendas para a Rússia somaram 225,79 mil toneladas, num total de US$ 741,52 milhões, uma queda de 18,99% em volume e 11,08% em valor, ante igual período de 2007. O maior fornecedor para o mercado russo foi o Rio Grande do Sul. Considerado todos os mercados (e não apenas a Rússia), as exportações totais de carne suína do ano passado atingiram um resultado histórico: o país exportou US$ 1,48 bilhão (crescimento de 20%) chegando a 529,41 mil toneladas,  77 mil a menos que em 2007.

O presidente da Coopercentral Aurora, Mário Lanznaster, prevê que, agora, poderá começar uma lenta recuperação do setor: os preços praticados com os criadores vão parar de cair  e o produto voltar, paulatinamente, a se valorizar. Observou que “será um processo demorado, lento e gradual”.

O diretor de mercado interno da Abipcs, Jurandir Machado, disse que a Rússia enviará um veterinário para revisar as plantas, não sendo necessário missões técnicas, pois as unidades industriais já foram vistoriadas e aprovadas no passado.

A  redução das vendas externas em volume se deve ao bom desempenho do mercado interno, onde houve uma ampliação do consumo em 2008, e à queda das exportações nos dois últimos meses do ano passado. A crise financeira global afetou fortemente importantes mercados e as exportações para a Rússia limitaram-se a 11,85 mil toneladas em dezembro de 2008, ante 36,62 mil toneladas em dezembro de 2007.