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Sabe quanto custa levar soja de Sorriso até a China?

O frete partindo de Mato Grosso é 101% mais caro que o registrado desde os Estados Unidos e 29% mais elevado que o da Argentina

Daniel Popov, de São Paulo
Um dos maiores entraves para o aumento da produção de soja e da margem de lucro dos produtores de Mato Grosso, continua sendo a logística. Para se ter uma ideia, o valor do frete de Sorriso até a China, maior consumidor mundial da oleaginosa e principal comprador do produto brasileiro é de US$ 102 por tonelada de soja. Este valor é 101% mais alto que os Estados Unidos e 29% mais elevado que a Argentina, concorrentes diretos do país.

Mato Grosso é o estado que mais produz soja no país, aproximadamente 30% do total colhido vem da região. Ele também é o principal exportador da oleaginosa, com 19,3 milhões de toneladas, de janeiro a setembro, ou seja. 31% das 62,9 milhões de toneladas vendidas pelo Brasil no período. Estas vendas ao exterior representam nada mais, nada menos, que US$ 7,2 bilhões ao estado. Em uma conta rápida, a saca de soja de 60 quilos de Mato Grosso foi exportada, já abatendo o valor do frete, a pouco mais de R$ 51 (considerando o dólar a R$ 3,15), algo muito próximo ao custo de produção levantado pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) de R$ 43 a saca. “Estes alto valor pago pelo Mato Grosso para embarcar sua soja limita a margem de lucro do agricultor, penalizando o principal estado produtor”, conta o diretor-executivo do Movimento Pró-Logística, Edeon Vaz Ferreira.

Segundo ele, nem mesmo a comprovação da importância da produção de soja de Mato Grosso, tem mudado rapidamente o cenário deficiente da infraestrutura logística do estado, encarecendo o produto. Atualmente, 50% do total exportado pela região saem pelos portos de Santos e Paranaguá. A outra metade é transportada por navios ancorados nos portos da região conhecida como Arco Norte. “A saída pelo Arco Norte trará, no futuro, uma redução nos valores do frete”, afirma Ferreira. “Hoje, ainda não notamos diferença no frete. Isto porque a rodovia BR 163 ainda não está pronta e as tradings ainda não possuem uma operação tão difundida na localidade.”

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Em um exemplo próximo, de Sorriso a Santos são 2,2 mil quilômetros a um custo médio de US$ 79 por tonelada. Do mesmo município da região Centro-Oeste, até os portos do Norte do Brasil o custo cairia para pouco mais de R$ 53. Para comparação o transporte partindo do Paraná, descendo ao Porto de Paranaguá, sai em média US$ 35 por tonelada.

Considerando que o frete marítimo até a China é o mesmo, ou seja, US$ 23 por tonelada, o valor total do transporte de Mato grosso saindo pelo Norte seria um pouco mais competitivo frente aos concorrentes diretos. “Como o valor do frete é definido no porto, descontando do preço do produto o custo logístico até ali, o transporte rodoviário indubitavelmente acaba sendo o mais caro”, relembra ele. “A vantagem dos portos do Norte é o frete hidroviário que é 34% mais barato que o rodoviário.”

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Entretanto, apesar de a rota já funcionar, para que o valor do frete realmente caia, Ferreira destaca que é preciso aumentar o numero de tradings operando nesta região do Arco Norte, além, é claro, da conclusão das obras na BR-163. “As transportadoras cobram por tempo de transporte e neste quesito a BR-163 encarece o frete”, diz. “Quando tudo isto se tornar realidade o estado terá mais competitividade e as margens serão melhores.”

A expectativa de Ferreira é que até 2025, o estado vá exportar 80 milhões de toneladas de soja, já que a produção é crescente. Com isso, os portos de Santos e Paranaguá seguirão recebendo os mesmos 25 milhões de toneladas e a diferença vá para o Norte. “Então, para que a logística no transporte da soja seja mais competitivo,é preciso o aumento das operações das tradings no Norte e melhoria das rodovias destas regiões”, finaliza ele.

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