Sadia admite possível capitalização de R$ 1 bilhão

Fonte dos recursos pode ser o BNDES ou investidoresA Sadia pode receber uma injeção de capital de R$ 1 bilhão, em breve, para equilibrar as necessidades financeiras da empresa, afetada por perdas de derivativos cambiais. É o que afirma a reportagem desta quarta, dia 28, do jornal Valor Econômico.

Segundo a reportagem, a fonte dos recursos pode ser o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A empresa também está sendo procurada por vários investidores. Além disso, o diretor de relações com investidores, Welson Teixeira, afirmou que uma situação de insolvência em junho deste ano, por dificuldade de refinanciamento de contratos, “é praticamente improvável”. Segundo ele, a insolvência só ocorreria se a Sadia não conseguisse renovar nenhuma das suas linhas de crédito, o que não está ocorrendo.

O diretor também afirmou ao Valor que não pode revelar nomes de eventuais novos sócios e que os impactos negativos nos últimos três meses de 2008 serão realmente maiores. Ele, entretanto, não quantificou as perdas.

A companhia fechou setembro com uma exposição líquida de US$ 2,4 bilhões nos derivativos alavancados. No encerramento do terceiro trimestre, a empresa tinha aberto o equivalente a US$ 6,4 bilhões de contratos de venda de dólar e US$ 4 bilhões de compra. A marcação do mercado destas operações, diz a reportagem, representava na ocasião uma perda líquida de R$ 637,2 milhões.

A Sadia gradativamente reduziu sua exposição líquida aos contratos desde então, mas “a preocupação do mercado vem do fato de tais operações não terem um casamento perfeito. Isso significa que as perdas e os ganhos de cada lado da operação não se anulam por completo. Além disso, enquanto mantiver aberta as operações de venda de dólar, a Sadia acaba comprometendo sua liquidez. Isso porque as perdas possíveis, fruto da variação do câmbio, ficam depositadas como garantia aos bancos”.

O diretor ainda afirmou ao Valor que a Sadia tem atualmente R$ 1,7 bilhão depositados em margem e garantia aos bancos em função dos contratos derivativos e que o modelo dos contratos fechados dificulta uma negociação com os bancos, porque a empresa deposita garantias em uma conta à parte.

A reportagem encerra levantando novamente a possibilidade de uma fusão com a Perdigão, citando análise de mercado do Bank of America Merrill Lynch. O diretor de relações com investidores diz que não há nada neste sentido neste momento, mas não descarta a possibilidade.