A Brasil Foods nasce com uma receita líquida de R$ 22 bilhões e vai ter 19 mil produtores rurais integrados. Hoje, a capacidade das empresas para o abate de aves é de 1,7 bilhão de cabeças por ano. Para os suínos, é de 10 milhões. No ano passado elas abateram 400 mil cabeças de bovinos e industrializaram dois milhões de toneladas de produtos processados.
A nova companhia se torna a grande multinacional brasileira no setor de alimentos e busca a expansão no mercado externo e a expectativa é de que mais de 40% da produção sejam exportados. Na tarde desta terça, dia 19, os presidentes dos conselhos de administração das empresas deram os detalhes dessa negociação.
Luiz Fernando Furlan, presidente do conselho administrativo da Sadia, e Nildemar Secches, presidente da Perdigão, vão dividir o comando da Brasil Foods. De acordo com Furlan, o projeto de fusão já era antigo e o primeiro contato teria sido feito há 10 anos. Mas foi no fim do ano passado foi que as conversas se aprofundaram. Com o negócio fechado, o objetivo é tornar a empresa, em breve, a maior exportadora de carne processada do mundo.
? Nós temos a convicção de que estamos criando um campeão. Uma empresa brasileira de porte mundial que se destacará nos setores que atua.
? Tinham tudo para estar juntas. São muito fortes individualmente no mercado internacional, mas muito mais fortes por causa da condição competitiva do Brasil. Então o que nós buscávamos era aumentar essa fortaleza, a força das empresas para uma associação ? afirma o copresidente da Brasil Foods, Nildemar Secches.
Os acionistas da Perdigão vão ficar com a fatia de 68% da Brasil Foods, e os da Sadia com 32%. Ainda de acordo com os co-presidentes, não há previsão de demissões, por causa da proximidade de algumas plantas das duas empresas.
? Vai aumentar a demanda e, se aumentar a demanda, tem que aumentar a produção. E isso não afeta em absoluto o emprego. Não há nenhuma previsão de demissões de chão de fábrica ? afirma Furlan.
Os produtos e as marcas Sadia e Perdigão continuam sem nenhuma alteração. Segundo os copresidentes da nova empresa o que os consumidores vão perceber, no curto prazo, é que a qualidade do produto deve melhorar e mais lançamentos devem surgir em breve.
? É a empresa que efetivamente vai levar os produtos e marcas brasileiras para milhões de consumidores em todo o mundo. É uma empresa que já nasce grande e principalmente atuando num setor em que o país é o mais competitivo do mundo ? diz Secches.
Especialistas do setor destacam quais os benefícios e desvantagens que essa união pode trazer.
? É uma empresa que vai ganhar competitividade graças a algumas sinergias que vai ter, mas pode também ter um efeito negativo. Especialmente, eu acredito que o maior efeito negativo que pode acontecer é sobre o emprego, provavelmente com estas sinergias vai acontecer alguns cortes ? afirma o consultor da AgraFNP, José Vicente Ferraz.
? É lógico que ficamos apreensivos, porque a partir do momento que é criada uma empresa que em determinadas categorias têm mais de 80% do mercado, a gente fica questionando se não vai haver certa manipulação ou se vai haver um certo direcionamento do setor ? afirma o vice-presidente de comunicação da Associação Paulista de Supermercados, Martinho Paiva.