Um dos problemas para atender a demanda, de acordo com Prado, é que existe um descompasso entre o setor sucroalcooleiro e a oferta de carros flex no mercado, o que pode implicar em dificuldades no abastecimento e, consequentemente, no preço do produto.
? Desde 2006 temos problemas de financiamento para ampliação da oferta. Com a crise de financiamento do setor, que foi agravada pela crise mundial de crédito, deixamos de ampliar e investir na lavoura e nas fábricas, e uma oferta mais confortável (do produto) não foi gerada por causa de uma questão econômica. O carro flex, por um lado, andou numa velocidade considerável e forte e a oferta não andou na mesma velocidade. Há um descompasso ? afirmou Prado.
Segundo ele, para evitar problemas como esse é necessário que a produção de cana-de-açúcar cresça, o que vai exigir mais investimento.
? Temos que ter um ciclo de investimento que melhore a oferta nos próximos anos, melhore o canavial – que está envelhecido e perdeu produtividade, amplie as fábricas e crie novas unidades produtoras. Tudo isso precisa ser feito. Se há um mercado crescente de consumo e se tem uma necessidade de atender a essa demanda, precisa-se fabricar mais ? afirmou.
Um dos problemas que levou ao aumento do preço do etanol nas bombas e à falta do produto em alguns postos neste ano, segundo Prado, foi uma “situação atípica e complexa” que gerou perda na produção da safra 2009/2010. A principal razão, de acordo com ele, foi o clima.
? No ano passado e em 2009, tivemos problemas de perda na produção em função do clima.
Deixamos de produzir 5 bilhões de litros (de etanol). Isso é um volume considerável, levando em conta que, no ano passado, a gente teve um consumo médio mensal, segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), na faixa de 2 bilhões de litros. Perdeu-se, em dois anos, quase dois meses e meio de consumo, o que afetou o mercado ? explicou.
Prado ressaltou que o aumento no preço do produto não foi ocasionado apenas pelo período de entressafra, mas pelos problemas na produção provocada pelo clima e também pela falta de investimentos que impediram a existência de uma oferta extra de etanol no mercado.
? Não é uma questão localizada de entressafra. Nós tivemos problemas de oferta e, agora, circunstancialmente, temos um mercado mais equilibrado. A safra nova colocou produto novo no mercado e isso derrubou o preço ? afirmou.