O cenário foi favorável nos últimos três anos, mas a situação mudou em 2012 e o preço do açúcar, caiu.
– A produção não foi tão diferente de anos anteriores, até um pouco inferior, mas os preços foram bem diferentes, tanto no mercado externo como no mercado doméstico a gente viu preço se reduzindo e ter uma estabilização no patamar inferior – afirma a pesquisadora Heloísa Lee Burnquist, do Cepea.
A explicação para o preço baixo foi a safra que surpreendeu. Depois de um início desanimador, em função do clima que atrasou todo processo nos canaviais, as chuvas de abril e junho ajudaram e a produção foi recorde: 570 milhões de toneladas.
– Em função do nosso bom desempenho, os preços aqui não estiveram tão bons, o consumo doméstico não pressionou o mercado e nós temos uma grande influência no mercado internacional. Com o Brasil sinalizando produção volumosa, temos os preços do mercado internacional cedendo. E não é só isto, faz três anos que você tem um acúmulo de estoques no mercado internacional. Então vai aumentando a relação estoque/consumo. Esta é uma variável fundamental para determinar o patamar de preços no mercado internacional, e daí fica esta dupla mão, o Brasil tem uma produção elevada e influencia o mercado internacional e depois o mercado internacional fica influenciando nosso patamar – analisa a pesquisadora.
Os preços acabaram caindo. No mercado internacional, o recorde de 32 centavos por libra peso, registrado em 2011, caiu para 20 centavos este ano. O analista de mercado Júlio Maria Borges afirma que os grupos menores, sem capacidade de flexibilização, sofreram mais. Já os maiores, com mais estrutura, tiveram remuneração suficiente para cobrir os custos de produção. Para 2013, ele projeta um ano difícil.
– O açúcar não vai ser aquele produto que já foi dentro deste passado recente. Nós vamos ter um adicional de açúcar muito tímido, possivelmente esta safra de 2013 vai ser uma safra onde a preferência vai ser por etanol, e isto é uma grande mudança em relação aos últimos anos – prevê Borges.