Um levantamento realizado pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) projeta que o Rio Grande do Sul terá uma colheita de trigo menor nesta safra.
Fatores como a redução do preço da saca e as condições climáticas mais úmidas causadas pelo fenômeno El Niño estão sendo apontados como os principais responsáveis por essa queda na produção.
De acordo com o produtor de trigo Jonas Desordi, nesta safra ele plantou a mesma área de 120 hectares do ano anterior.
No entanto, a lavoura localizada em Ijuí, no norte do estado, não tem correspondido às expectativas.
Desordi destaca que a incidência de doenças e o desenvolvimento abaixo do esperado estão impactando negativamente a produção.
Ele ressalta que as condições climáticas não estão sendo favoráveis, com um inverno mais ameno, o que está prejudicando o crescimento das lavouras.
Os dados apresentados revelam um cenário desafiador para o setor.
Cerca de 260 produtores de trigo foram afetados pelo ciclone que atingiu o estado em julho, e agora, a preocupação recai sobre o risco de um frio tardio.
A Emater estima uma redução de 14% na safra deste ano em comparação a 2022, passando de 5,2 milhões de toneladas para 4,5 milhões de toneladas.
A área plantada também teve uma diminuição de 1,5%, totalizando 1,5 milhão de hectares. Além disso, a produtividade está prevista para cair em 12,6%, atingindo a marca de 3.021 kg/ha.
Célio Colle, engenheiro agrônomo da Emater em Porto Alegre, destaca que o Rio Grande do Sul é o maior produtor de trigo no Brasil, com grande parte da produção sendo exportada.
Isso reflete uma confiança dos produtores na cultura, mesmo diante das dificuldades climáticas.
Ele ressalta que a cultura do trigo traz uma segurança de mercado, visto que os números do ano passado indicaram um grande volume de exportações.
As lavouras de trigo estão em diferentes estágios de desenvolvimento vegetativo e florescimento, com algumas já apresentando as primeiras panículas.
Além do trigo, o estado espera uma safra total de cereais de inverno, incluindo aveia, canola e cevada, que somará 5,6 milhões de toneladas, a segunda maior da história.
Além das adversidades climáticas, o preço também é motivo de preocupação.
Atualmente, a saca de 60 kg de trigo está sendo negociada em torno de R$ 65, consideravelmente abaixo do valor pago na safra anterior, que ultrapassava os R$ 100.
Segundo Antônio da Luz, economista-chefe da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), apesar dos desafios, o plantio de trigo continua sendo importante para garantir a produtividade com custos mais baixos, mesmo diante dos preços atuais.
Nesse contexto desafiador, os produtores do Rio Grande do Sul enfrentam uma safra de trigo com perspectivas incertas, tendo que lidar com fatores climáticos e econômicos que impactam diretamente sua produção e lucratividade.