– Grande destaque foi a safra recorde da soja, com uma previsão de crescimento do ano de 23,7% na quantidade produzida. A área plantada cresceu (10,8%), mas não no mesmo ritmo, o que revela um ganho de produtividade – explicou a coordenadora de contas nacionais do IBGE, Rebeca de La Rocque Palis.
Segundo Rebeca, 55% da produção de soja é concentrada neste trimestre e boa parte da produção que estava retida em armazéns, em função da dificuldade logística, foi exportada nesse período. Junto com o milho, que registrou alta de 12,2% na safra, a soja corresponde a 30% do peso da agricultura no PIB.
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PIB da Agropecuária ficou dentro do esperado, diz SRB
O presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Cesário Ramalho da Silva, considerou “dentro do esperado” o resultado do PIB da Agropecuária. Ele acrescentou que “o segundo trimestre foi uma grande ‘janela’ de oportunidade para o agronegócio nacional, pois combinou a comercialização de uma safra recorde de grãos e os estoques muito baixos nos Estados Unidos, grande exportador, que vinha de uma frustrante safra por causa da estiagem”, explicou Ramalho da Silva.
O executivo da SRB comentou que o Brasil se tornou um dos maiores exportadores de milho nos últimos anos. Os preços internacionais do cereal alcançaram valores ‘estratosféricos’, por causa da frustração da safra norte-americana, a maior do mundo.
– Isso proporcionou um faturamento elevado, que foi incorporado ao PIB – destacou.
Ramalho da Silva citou, ainda, o bom desempenho das lavouras de soja e de arroz. No caso da soja, o Brasil produziu aproximadamente 82 milhões de toneladas, volume muito próximo dos Estados Unidos, maiores produtores mundiais da oleaginosa. O presidente da SRB argumentou que o arroz, apesar da queda na produção, está com preços favoráveis, beneficiado pela redução da importação de países do Mercosul, principalmente Uruguai.
Ramalho da Silva observou, no entanto, que o setor teve de enfrentar problemas no segundo trimestre, principalmente em relação ao escoamento da produção de grãos, com ausência de infraestrutura ideal.
– Isso ‘sequestrou’ parte da renda dos agricultores – informou.
Com relação ao PIB da Agropecuária no terceiro trimestre, Ramalho da Silva é pouco otimista.
– O PIB (da Agropecuária) não deverá repetir o resultado do segundo trimestre – ponderou.
Ele argumentou que já o Brasil já terá comercializado a safra recorde de grãos.
– As cotações do milho, por exemplo, estão em queda e em Mato Grosso já estão 30% abaixo do preço mínimo de garantia, que é o preço de custo – alertou.
No terceiro trimestre, o país comercializa boa parte da safra de cana-de-açúcar, café e laranja.
– Café e laranja têm perdido valor e só a safra de cana deverá ajudar – disse.
Apesar disso, ele considera que o Brasil deve voltar a produzir safra recorde de grãos em 2013/2014, que poderá alcançar 200 milhões de toneladas.
– É muito provável, sem acidentes climáticos – concluiu.