– Junto com essa resistência genética, estamos também trazendo uma nova arquitetura de planta. Plantas que são mais arejadas, que crescem mais para o alto, acamam menos e permitem mais facilmente o manejo químico ou biológico das pragas e doenças – salienta o pesquisador da Embrapa, Sebastião Pedro Silva.
As sementes de soja desenvolvidas pela Embrapa são produzidas por pelo menos 15 produtores, através de uma parceria com a Fundação Cerrados.
– Não é barato desenvolver novas cultivares, mas essa relação Estado-público-privado barateia muito essa relação, eu diria, em mais de 80% – destaca o diretor da Fundação Cerrados, Waldir Pereira.
O produtor de sementes Luiz Fiorese é parceiro do projeto há cinco anos. Nos cinco mil hectares da fazenda em Formosa, em Goiás, cultiva 12 variedades de soja livre. Quatro estão no primeiro plantio. Como a BRS 8381, que tem poucas folhas, uma altura média de 80 centímetros, resistente ao cascalho do solo do cerrado e que responde bem à irrigação.
– Nós vamos produzir em torno de 250 mil sacas de soja livre. Esperamos que essa variedade, a 8381 que foi lançada ano passado pela Embrapa, um potencial de 4.500 a cinco mil quilos por hectare – diz o produtor.
As 10 mil toneladas de sementes começam a ser colhidas no fim de fevereiro e serão fornecidas para tradings e produtores do Centro-Oeste.
– Hoje existe demanda de quatro milhões de sacas de semente e não tem toda essa semente para ser ofertada. No ano passado, Mato Grosso não plantou mais por falta de semente – afirma Fiorese.
A produção brasileira de soja livre está em seis milhões de toneladas ao ano. Metade desse mercado é formado por variedades desenvolvidas pela Embrapa. Há cinco anos, esse índice não chegava a 10%, mas a tendência é de ampliação, já que a demanda está crescendo tanto dentro do país quanto no mercado externo.
– O mercado europeu é exigente e pode pagar. Toda cadeia produtiva de carne usa farelo de soja – reforça Silva, explicando que a demanda por soja livre aumenta de acordo com o crescimento da economia de países ricos.
– Aqui no Brasil, estão aprendendo a valorizar o produto soja livre – conclui.