Cotação da oleaginosa em Chicago tem oscilado entre US$ 8,00 e US$ 9,00 por bushel nos últimos meses, bem abaixo do registrado em outras safras
Suelen Farias | São Paulo (SP)
A safra de soja dos Estados Unidos caminha para um novo recorde, o que faz o preço do grão despencar no mercado internacional. Nos últimos quatro anos, o preço da oleaginosa caiu quase 50% na Bolsa de Chicago.
O último relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estima que a produção de soja nesta safra alcance os 108 milhões de toneladas, confirmando mais uma safra recorde. A previsão apontada é determinante para a recente queda no valor pago pelo bushel do grão.
– Desde que se confirmou uma safra cheia dos Estados Unidos, que foi a safra passada, os preços vêm caindo. Ficou nos US$ 10,00/bushel e caiu mais com a expansão de área no Brasil e na Argentina. De lá para cá, a soja não consegue mais romper os US$ 9,00/bushel e é difícil enxergar isso acontecer – projeta o analista da Informa Economics Aedson Pereira.
Os Estados Unidos produzem mais da metade da demanda mundial de soja. Apesar da confirmação de mais uma safra recorde e desaceleração do crescimento na China, maior importador mundial do grão, o gerente de economia da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Daniel Furlan Amaral, acredita que o consumo mundial em 2016 vai continuar crescente, mas com poucas chances de elevação dos preços na bolsa norte-americana.
– Nada indica que os preços internacionais vão subir como há três, quatro anos atrás. É muito provável que eles se mantenham nesta oscilação de hoje, entre US$ 8,00 e US$ 9,00 por bushel. A taxa de câmbio é uma incógnita, é difícil saber, mas tudo indica uma grande oscilação – explica o gerente da Abiove.
O clima favorável na maior parte do Brasil contribuiu para um plantio de soja sem grandes problemas e com boa perspectiva de produtividade. O alerta está na região Centro-Oeste, que vem apresentando atraso, mas, por enquanto, não deve impactar na produtividade. Além disso, o dólar valorizado favorece a exportação e virou um termômetro para a negociação com os principais importadores brasileiros.
– O agricultor tem que ser o mais conservador possível. Ele tem que olhar a questão dos custos dele com o maior cuidado possível, evitando qualquer tipo de exposição desnecessária ao mercado. Procurar fechar preços sempre que esses preços estiverem de acordo com a sua realidade e evitar ficar exposto. A gente pode ter no ano que vem um ano com bastante oscilação cambial e isso vai se refletir nos custos – afirma Daniel Furlan Amaral.
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