A produção brasileira de soja em 2015/2016 deverá totalizar 100,408 milhões de toneladas, com aumento de 4,9% sobre a safra da temporada anterior, que ficou em 95,711 milhões de toneladas, segundo indicou nesta sexta, dia 4, a consultoria Safras & Mercado. No relatório anterior, divulgado em setembro, a estimativa era de 100,538 milhões de toneladas.
Com o plantio se aproximando do final, Safras indica aumento de 3,8% na área, que ficaria em 32,779 milhões de hectares. Em 2014/2015, o plantio ocupou 31,636 milhões de hectares. O levantamento indica que a produtividade média deverá passar de 3.025 quilos por hectare para 3.063 quilos.
Mato Grosso deverá colher 29,027 milhões de toneladas, com um aumento de 5% sobre a temporada anterior. A safra do Paraná está estimada em 17,868 milhões de toneladas, superando em 4% a produção obtida em 2013/2014. No Rio Grande do Sul, a previsão é de uma elevação de 3%, totalizando 15,606 milhões de toneladas.
“A queda se deu por ajustes finos de produtividades estimadas para o Norte/Nordeste que pode sofrer com a falta de umidade nos próximos 100 dias. Ainda não podemos falar em perdas relevantes, mas ligamos um alerta”, disse o analista de Safras, Luiz Fernando Roque.
Mato Grosso teve pequena redução de produtividade e Mato Grosso do Sul apresentou ajuste pequeno devido ao clima irregular. Já Minas Gerais, com algum aumento na produtividade (tendência de clima positivo). “Estamos ainda no início da safra, por isso ainda não podemos falar com segurança de possíveis perdas. A safra está aberta e a tendência ainda é positiva”, completa.
Milho
A produção de milho deverá totalizar 89,296 milhões de toneladas na temporada 2015/2016, acima das 88,397 milhões de toneladas colhidas na safra 2014/2015. Na estimativa anterior, divulgada em setembro, havia uma previsão de colheita de 88,569 milhões de toneladas de milho.
O analista de Safras & Mercado Paulo Molinari ressalta que a elevação na estimativa de produção de milho deverá levar em conta os melhores números previstos para a segunda safra de milho em termos de área, produção e produtividade média. “Eles tendem a compensar a projeção de queda nos números esperados para a safra verão”, informa.
Molinari destaca que a área plantada deve ocupar 15,765 milhões de hectares, avançando 0,5% frente aos 15,685 milhões de hectares cultivados na temporada anterior. “O rendimento médio deve superar os 5.636 quilos por hectare obtidos na safra passada, ficando em 5.664 quilos por hectare”, afirma.
A safra de verão da região Centro-Sul deverá atingir 23,271 milhões de toneladas, abaixo das 25,116 milhões de toneladas registradas na temporada passada e aquém das 23,889 milhões de toneladas previstas no levantamento anterior. “Esse menor volume a ser colhido pode ser atribuído à previsão de queda de 11,2% na área cultivada, que tende a ocupar 4,026 milhões de hectares, contra os 4,536 milhões de hectares plantados na safra verão 2014/2015. As maiores retrações de área devem ocorrer nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás/Distrito Federal”, sinaliza.
A produtividade média da safra verão deve ficar em 5.779 quilos por hectare, acima dos 5.537 quilos colhidos na temporada 2014/2015. A maior produtividade deve ser obtida no Paraná, com 7.120 quilos por hectare, seguido por Goiás/Distrito Federal, com 6.100 quilos por hectare.
Para a segunda safra, Molinari projeta que a área deverá ser recorde, atingindo 10,095 milhões de hectares, com crescimento de 7,1% frente aos 9,426 milhões de hectares plantados na safrinha de 2015. “O maior incremento de área está previsto para Minas Gerais, de 16,8%, seguido por São Paulo, com 10,3%”, disse.
A produção da safrinha de milho 2015 deverá atingir 59,332 milhões de toneladas, à frente das 56,277 milhões de toneladas colhidas no ano passado e das 58,991 milhões de toneladas projetadas no levantamento anterior. “O Mato Grosso deve liderar a produção, com 21,059 milhões de toneladas de milho, seguido pelo Paraná, com 12,830 milhões de toneladas”, informa.
Molinari indica que o rendimento médio deve ficar aquém dos 5.970 quilos por hectare obtidos na segunda safra 2014/2015, atingindo 5.877 quilos por hectare.
Arroz
Já a produção de arroz em 2015/2016 deverá recuar 5,8%, totalizando 11,67 milhões de toneladas. A estimativa anterior, divulgada em setembro, apontava produção de 12,245 milhões de toneladas.
Os produtores devem plantar 2,233 milhões de hectares na safra 2015/2016. Esse número corresponde a um recuo de 3,7% em relação à primeira estimativa realizada por SAFRAS & Mercado e de 3,5% em relação aos 2,318 milhões de hectares plantados no ciclo produtivo anterior.
O recuo se deve, principalmente, às condições climáticas desfavoráveis nas principais regiões produtoras (RS e SC), que atrasaram o plantio e obrigaram o replantio em muitas áreas.
“No período em que foi realizada a primeira estimativa, a expectativa dos produtores era de que os preços apresentassem uma elevação mais expressiva que a verificada atualmente. Além disso, com a taxa cambial encarecendo os insumos, existe a perspectiva de um menor investimento e, consequentemente, uma redução da produtividade das lavouras”, avalia o analista de Safras, Elcio Bento.
No Rio Grande do Sul a estimativa aponta para uma manutenção da área plantada em 1,040 milhão de hectares. O clima adverso, o alto custo de produção e a incerteza em relação à atuação do governo, minimizaram os efeitos que a elevação das cotações poderia ter sobre a decisão do produtor em plantar uma área maior.
Os mesmo fatores que justificam a queda no Rio Grande do Sul podem ser considerados para Santa Catarina, onde se espera uma queda de 0,7% na área, para 147 mil hectares. O potencial produtivo fica em 1,030 milhão de toneladas, com queda de 2%.
Feijão
A primeira safra de feijão do Brasil deverá totalizar 1,148 milhão de toneladas, com aumento de 1,5% sobre o ano anterior. No relatório anterior, divulgado em setembro, a produção estava estimada em 1,152 milhão de toneladas.
A estimativa de Safras aponta para um total de 1,042 milhão de hectares plantados com a leguminosa, com recuo de 1% em relação à safra passada (1,053 milhão).
Os preços atrativos verificados na última safra não foram suficientes para motivar um incremento da área a ser plantada com feijão no Brasil na primeira safra. “Em muitos estados, considerando o custo de produção estimado para a safra 2015/16 e os preços atuais, o feijão só tem uma rentabilidade menor que a da soja”, informa o analista de Safras & Mercado, Mahal Ferreira.
Algodão
A produção de algodão em pluma deverá totalizar 1,464 milhão de toneladas em 2015/2016, recuando 2,9% sobre o ano anterior, quando a safra ficou em 1,508 milhão. A estimativa é de SAFRAS & Mercado. No relatório anterior, de setembro, a estimativa era de 1,518 milhão de toneladas.
A área plantada deverá ser de 944,3 mil hectares, recuando 2,5% sobre o total semeado em 2014/15, de 968,7 mil hectares. A indicação é de uma queda de 0,4% na produtividade, que passaria de 1.556 quilos para 1.551 quilos por hectare.
Segundo o analista de Safras Cezar Marques, o corte na área é reflexo dos altos custos de produção e dos problemas com pragas, perdendo espaço para soja. “Em função destes fatores, produção também irá diminuir”, completa o analista.