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Saiba como identificar um fertilizante adulterado

Especialistas dão cinco dicas para que o produtor não saia prejudicado na aquisição do item mais caro safra de soja

Rikardy Tooge | São Paulo (SP)

O fertilizante é um dos itens mais caros nos custos do produtor de soja. Quando o agricultor recebe um produto adulterado ou falsificado, o prejuízo financeiro é ainda maior. O Canal Rural relatou nesta quarta, dia 26, que produtores de Mato Grosso receberam cargas de adubos irregulares.

• Como receber e validar cargas de fertilizantes

Diante disso, o Soja Brasil ouviu especialistas para elaborar um guia básico para o agricultor identificar um fertilizante adulterado. As dicas são do especialista de Produtos, Pesquisa e Inovação da Yara Brasil Fertilizantes João Maçãs e do consultor de fertilizantes José Francisco da Cunha. Veja abaixo as orientações.

1. Checagem do produto no recebimento da carga

Quando o fertilizante chega à propriedade, é importante o produtor ficar atento às seguintes dicas: conferir a nota fiscal e ver se as etiquetas, número do lote e número de registro batem com as embalagens dos produtos entregues; verificar se a embalagem apresenta data de fabricação e de validade; olhar os lacres e notar se a embalagem foi violada ou aparenta estar violada.

– Se o produto foi alterado, é impossível todos esses itens estarem em conformidade. Se o produtor desconfia, não deixe nem descarregar o produto – explica Maçãs, da Yara.

Caso algum desses itens não esteja de acordo, a orientação é não deixar descarregar o produtor e entrar em contato imediatamente com a empresa em que você comprou o adubo.

2. Aparência

Ao receber o fertilizante, o sojicultor também pode observar alguns aspectos de aparência do produto. Granulação não-uniforme e coloração mais clara podem indicar que o produtor não é original. O consultor José Cunha orienta que uma das formas de adulteração é colocar mais calcário granulado e gesso granulado como forma de mascarar o produto.

O Ministério da Agricultura autoriza um limite de 10% para a adição de componentes inertes com o intuito de ajustar o fechamento da formulação entre os quais estão a granilha, que pode ser algum tipo de mineral triturado grosseiramente e que tenha o tamanho aproximado dos grãos de fertilizantes (entre 1,0 e 4,0 mm), podendo ser de rochas calcárias ou outros tipos de minérios.

Já o calcário granulado e suas misturas em grânulos com gesso ou outros componentes deve ser fabricado a partir do calcário moído e é reconhecido como um fertilizante e por isto não tem limite para a adição nos fertilizantes. Com o seu uso, ocorre a substituição de componentes que podem fornecer enxofre, como o superfosfato simples ou sulfato de amônio, dependendo da formulação. Assim, o esperado conteúdo de enxofre para as fórmulas NPK (Nitrogênio, Fósforo e Potássio) é reduzido afetando a adubação equilibrada.

Nestes casos, apenas uma análise de laboratório pode confirmar o excesso desses produtos.

3. ‘Teste do copinho’

Se a aparência não te deixa seguro sobra a procedência do fertilizante, a sugestão do especialista da Yara João Maçãs é para o produtor fazer o chamado “teste do copinho”. Basta pegar um copo cheio de fertilizante e misturar em um balde cheio de água. Depois de um dia, se o produto não dissolveu por completo, é sinal de que há alguma coisa errada.

– O produtor vai fazer a mistura e observar se tudo está dissolvido. Caso não esteja, exista muita pedrinha ainda, é sinal de que pode haver excesso de granilha ou algo indevido misturado ao fertilizante – explica.

4. Análise de laboratório

A dica principal é que o produtor sempre entre em contato primeiro com a empresa em que a compra do fertilizante foi realizada. Caso ela exija uma análise de laboratório, o produtor terá de arcar no primeiro momento. Confirmado que o produto é indevido, a empresa irá ressarcir o agricultor. Um teste simples, dentro dos critérios do Ministério da Agricultura, no Instituto Agronômico de Campinas (IAC) custa R$ 120,00 por lote.

5. Entre em contato com o Mapa ou órgão de fiscalização

Caso a empresa vendedora não aceite trocar o produto adulterado ou não faça o ressarcimento, o agricultor deve procurar o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) ou um órgão de fiscalização do estado. É responsabilidade do Mapa interditar empresas que negociam fertilizantes adulterados ou falsificados.

O produtor deve apresentar a denúncia até 30 dias após a emissão da nota fiscal do produto. O Ministério abrirá processo para avaliar o produto e entrar em contato com a empresa. A última circunstância é acionar a empresa na Justiça, pedindo ressarcimento e indenização.

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