Santa Catarina critica estoque nacional de milho e promete autonomia

Estado alega que recebeu da Conab em seis anos a quantidade suficiente de milho para apenas 20 dias

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) foi alvo de críticas nesta terça, dia 14, durante o Fórum Catarinense do Agronegócio: produção e abastecimento de milho, realizado em Florianópolis. Entidades e produtores apontam que a companhia não regulou os estoques de forma correta e que o estado, que é maior produtor de suínos do país, em seis anos recebeu 373 mil toneladas de milho da companhia, o que é suficiente para 20 dias. A secretaria de Agricultura do estado pede maior intervenção e quer que cada produtor passe a receber 15 toneladas de milho, mas o valor atual chega ao máximo em seis toneladas.

A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) defende cautela nas exportações do grão e a Conab propões estimular a plantação de milho no país com formação de preço mínimo da saca, para que sejam formados novos estoques de grãos ainda este ano.

“O governo tem que ser previdente em saber o seguinte: vale a pena exportar commoditie ou vale a pena gerar emprego através da transformação? Uma coisa é você exportar uma tonelada de milho, de soja e outra coisa é griller, peito de frango, sobrecoxa etc… Pra muitos países do mundo há cinco vezes mais renda mantendo os empregos e os impostos no Brasil”, disse o presidente da ABPA Francisco Turra.

Para o secretário de Agricultura e Pesca de Santa Catarina, Moacir Sopelsa, o governo precisa ter balancear a oferta do produto para o preço tão elevado não chegar ao consumidor. “Quando os preços fogem do alcance do consumidor, o Governo Federal precisa entrar com os seus estoques reguladores. A Conab existe para isso e o governo precisa pôr recursos”, disse.

O presidente interino da Conab, Igo dos Santos Nascimento, disse que a companhia vai liberar estoques nos próximos dias. “Já foi liberado agora para venda 160 mil toneladas para milho balcão, que vai beneficiar o pequeno produtor, e 500 mil toneladas que vai beneficiar via leilão os grandes produtores”, disse.

Diante desta crise, Santa Catarina adotou uma política de financiamento de construção de armazéns para milho e ainda pretende aumentar a área plantada na próxima safra em cerca de um milhão de toneladas. “A gente esperava uma participação maior, agora que elas estão liberando mais um volume, mas eles são sempre insuficientes. Nós temos é que buscar a nossa autonomia”, disse o governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo.