De acordo a Defesa Civil, 73 municípios já decretaram estado de emergência por causa da estiagem. Mais de 65 mil propriedades rurais foram atingidas. Além disso, a estimativa de perdas com a seca soma, até o momento, R$ 440 milhões. A lavoura de milho é a mais prejudicada pela falta de chuvas. As produções de soja, feijão, leite, frutas e hortaliças e a pecuária também foram afetados.
Mendes Ribeiro Filho também vai solicitar ao governo federal a criação de uma linha de crédito de emergência para os produtores atingidos pela estiagem e a prorrogação de prazos para pagamentos de dívidas do crédito rural para os agricultores atingidos, transferindo parcelas de 2012 vencidas ou que ainda irão vencer para o final dos contratos, ou por no mínimo um ano. O crédito subsidiado será destinado à construção de 13,2 mil açudes, reservatórios de água da chuva e 26,4 mil cisternas e reservatórios de água para consumo na propriedade.
O governo federal deve anunciar, na sexta, dia 13, medidas emergenciais para os produtores rurais da Região Sul afetados pelo longo período de seca. O Rio Grande do Sul e Santa Catarina são os Estados mais prejudicados pela falta de chuva, além de alguns municípios do Paraná.
Atraso catarinense
Mesmo com açudes secando e lavouras torrando no Estado por falta de chuva, as autoridades de Santa Catarina praticamente desapareceram de Brasília (DF) nas últimas duas semanas. Somente três dias após a presidente Dilma Rousseff encomendar um pacote contra a estiagem, o governador Raimundo Colombo desembarca na capital federal para negociar a ajuda.
A apatia catarinense na corrida para garantir recursos da União para reduzir os efeitos da estiagem, que já colocou 73 cidades do Estado em situação de emergência e gerou perdas estimadas em R$ 440 milhões, contrastou com a mobilização de parlamentares, secretários e ministros gaúchos durante a semana.
Com acesso franqueado ao gabinete de Dilma, a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, ingressou no debate que esculpiu o pacote antisseca somente nessa quarta, dia 11. Enquanto isso, o gaúcho Mendes Ribeiro Filho e a paranaense chefe da Casa Civil Gleisi Hoffmann, capitaneavam desde segunda, dia 9, a força-tarefa interministerial incumbida de apresentar ações para minimizar os prejuízos dos agricultores do Sul.
Dos 17 parlamentares de Santa Catarina, apenas o deputado Valdir Colatto (PMDB) interrompeu as férias para pressionar o governo federal. Na manhã dessa quarta o peemedebista se reuniu com Mendes Ribeiro para pedir a liberação imediata de recursos para distribuir água nas propriedades castigadas pelo fenômeno La Niña. Apesar do aceno de que os produtores rurais catarinenses serão auxiliados, Colatto ouviu o ministro se queixar da falta de informações sobre os prejuízos do Estado.
– Rio Grande do Sul e Paraná estão correndo atrás e nós estamos parados – reclamou Colatto.
Diante da inércia de Santa Catarina, o coordenador da bancada gaúcha, deputado Paulo Pimenta (PT), passou a semana circulando pelos gabinetes da Esplanada em busca de dinheiro para sua base eleitoral. Na terça, dia 10, o petista arrancou de Mendes Ribeiro o compromisso de que o governo gaúcho seria autorizado a usar R$ 18 milhões repassados em 2011 e que não haviam sido gastos. Enquanto isso, o líder da bancada catarinense, Edinho Bez (PMDB), se encontrava em viagem pela Europa.
Ainda que tenha liberado R$ 1,370 milhão para as cidades atingidas, o governo Colombo enviou mensageiro a Brasília somente dois dias após a assinatura do decreto de situação de emergência. O secretário estadual da Defesa Civil, Geraldo Althoff, priorizou a apresentação de projetos de prevenção contra enchentes. Segundo ele, os dados catarinenses sobre a seca haviam sido encaminhados ao Planalto na última semana. Não foi o que se ouviu em Brasília. Em reunião nessa terça, Gleisi reclamou para os colegas da ausência de informações.