São Luiz (PR) é exemplo de adaptação ao novo cenário agropecuário brasileiro

Com a tradição do café, distrito promove a união entre comunidades e a qualidade de vidaO Brasil está marcado pela colonização baseada na agricultura. A cana, o algodão e o café motivaram colonos a desbravar algum rincão deste vasto solo brasileiro. Muitas cidades nasceram nesse processo de desenvolvimento iniciado no campo e muitos distritos rurais também. O distrito de São Luiz, em Londrina, surgiu com a febre do café no Paraná. O local é um exemplo de resistência e adaptação ao novo cenário agropecuário brasileiro.

O sino e a igreja estão diretamente ligados à fundação do distrito de São Luiz. O santo, protetor dos jovens, deu nome ao povoado nos anos 1940. Na mesma praça, a academia ao ar livre e o posto da Guarda Municipal lembram que os tempos são outros. Mesmo assim, a vida ainda segue em ritmo diferente das grandes cidades.

Pelo último censo, eram 1,7 mil habitantes no distrito de São Luiz, contando os que moram efetivamente no campo. Na sede, a área urbana do distrito, são 12 ruas e é onde toda a população se reúne para todo tipo de evento, de missas a festas. Eles ainda aguardam o resultado do último levantamento do IBGE, mas afirmam que a população por aqui aumentou, diferente do que acontece com muitos distritos rurais no Brasil. O motivo, segundo eles, é a união entre a comunidade, que levou a uma melhora na qualidade de vida.

A vice-presidente da Associação de Mulheres de São Luiz, Vera Luzia Delmonaco, nasceu no distrito.  Cleide Mara Babugia também. Elas se orgulham de saber o nome de cada morador. Também se orgulham de conquistas como o módulo da Guarda Municipal e a creche, que foram construídos com incentivo da Associação. E têm mais planos:

? Nós tivemos a academia ao ar livre, a construção da nossa creche, a reforma do salão paroquial, a Guarda Municipal. O que a gente espera agora, que é o sonho da nossa comunidade é aumentar as casas populares e a construção da nossa escola municipal, que ainda não temos ? conta Vera Luzia.

A união também ajudou o distrito a resistir quando uma geada severa, em 1975, faliu muitos cafeicultores. O café não acabou, mas entrou na diversificação de culturas com a soja, o milho e o trigo. A criação de aves foi uma opção de consórcio. Além da renda, a cada 50 dias, em média, com a venda das aves, o esterco é aproveitado no café.

Cafeicultor desde a infância, Geraldo Grecco gastava até R$ 40 mil por safra com adubo químico. Com o esterco de frango ele economiza até a metade desse custo.

? A renda ajuda um pouco mais no custeio. E no adubo a gente economiza muito. Você tendo o adubo próprio você gasta menos com o químico e resolve bem. Não parece, mas a economia é muito grande ? garante o produtor.

A força e a dedicação da comunidade podem garantir o futuro de São Luiz.

? A gente tem os filhos, procura educar os filhos com o pé na terra, porque é da terra que a gente tirou tudo o que tem. Eu não quero outro lugar para morar, eu vou para a cidade, mas não vejo a hora de vir embora. Aqui é “o” lugar, aqui é nosso cantinho, aqui é nosso “tudo” ? explica Cleide Mara.