O veranico que atinge lavouras de milho segunda safra há algumas semanas em Goiás pode causar quebra de produtividade. Os produtores que ainda vão plantar estão reduzindo a área por medo do prejuízo provocado pela seca.
O agricultor Fábio Zanchett plantou 510 hectares do grão em Formosa (GO), e está preocupado, pois mudaram as expectativas em relação ao clima desde o início do ano. Em janeiro, o volume de chuvas foi bom, acima de 420 mm, animando o produtor, cujas lavouras haviam recebido pouco volume nos dois meses anteriores. Mas, em fevereiro, o clima mudou bruscamente.
“A gente olhava o voluma da chuva que tinha caído, e calculava que as chuvas se normalizariam pra frente, mas me parece que não está acontecendo isso”, diz Zanchett.
Em outra fazenda da região, choveu 110 mm em fevereiro, enquanto a média de outros anos no mesmo período ultrapassava 250 mm. O engenheiro agrônomo Beno Kuzniewski, que cuida da área, explica que, para um bom desenvolvimento, o milho precisa de, pelo menos, 300 mm de chuva durante toda a safra. Segundo a Somar Meteorologia, nos próximos 15 dias deve chover aproximadamente mais 100 mm em Formosa.
O agrônomo acredita que a área já tenha perdido 10% de sua produtividade. “É neste momento em que a lavoura está definindo o potencial produtivo, número de fileiras, tamanho da espiga”, diz ele.
O produtor Darci Gatto iniciou o plantio de milho há 10 dias e previa cultivar 1800 hectares de milho. Como até agora só choveu 30 mm em sua propriedade, a área deve ser reduzida em 50%.
Ele afirma que, em função de ter havido atraso na primeira safra e, consequentemente, no início do plantio da segunda, a chuva do mês de março é fundamental para prolongar a janela de semeadura por cerca de mais 15 dias. Com isso, poderia ao menos se manter próximo do que previa.
“Já devolvi lotes de sementes que eu havia adquirido. Estou renegociando com a empresa, porque não vou alcançar o plantio da área inicialmente planejada”, conta Gatto.