De acordo com a Emater-RS, o rombo pode chegar a R$ 350 milhões nos 22 municípios sob abrangência do escritório regional sediado na cidade de Pelotas. Destes, 11 já decretaram situação de emergência por causa da estiagem.
Segundo o responsável pela área de produção vegetal do escritório regional da Emater-RS, Evair Ehlert, do prejuízo de R$ 350 milhões contabilizado pela entidade, R$ 300 milhões correspondem à perda de receita na safra de grãos (R$ 274 milhões somente da soja, principal cultura do Estado), enquanto os outros R$ 50 milhões se referem à pecuária – de leite e de corte.
– A perda foi maior no município de Arroio Grande, que, sozinho, registrou prejuízo de R$ 46 milhões – explicou.
O levantamento da Emater-RS é atualizado semanalmente em conjunto com as secretarias municipais de agricultura. A perda de receita de grãos é calculada considerando a menor produtividade nas localidades atingidas pela seca e a consequente quebra de safra. No caso da soja, a previsão inicial da Emater-RS era de que os 22 municípios na chamada Zona Sul colhessem 725 mil toneladas de soja, mas a perda média está em 35%. A situação das lavouras de milho é mais crítica. Originalmente se projetava uma safra de 210 mil toneladas, porém há uma quebra de cerca de 55%.
Em determinados locais a falta de chuva passa de dois meses.
– Não está chovendo nada. A região deve encerrar o mês de abril com 10 milímetros de chuva, enquanto o normal é ficar entre 100 a 150 milímetros – afirmou Ehlert.
Embora a previsão climática para o mês de maio indique precipitações mais “dentro da normalidade” para a metade Sul do RS, a preocupação entre os produtores permanece e se estende à pecuária.
– Para a pecuária de corte, estamos prevendo muitas dificuldades para o período de frio. Nossos campos nativos estão praticamente marrons, sem nutrientes – disse Ehlert.
Segundo ele, se a situação persistir, as famílias terão que optar por vender os animais – o que poderia inflar a oferta e depreciar os preços da arroba no mercado gaúcho – ou investir na implantação de pastagens anuais de inverno, o que representaria um custo de produção adicional.
No que se refere à pecuária leiteira, a Zona Sul representa 15% da produção total do RS, conforme o Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do Estado do Rio Grande do Sul (Sindilat-RS). Desta forma, apesar de perceber uma diminuição na produção regional, a entidade acredita que a estiagem não impacta o mercado de forma significativa.
– Por enquanto estamos monitorando a situação – explicou o secretário-geral do Sindilat-RS, Darlan Palharini.
Para a agricultura, na reta final da colheita de verão, o cenário só não é mais grave porque a angústia do Sul do Estado contrasta com a euforia de cidades nas quais choveu bem, principalmente no norte, onde vem sendo registrados níveis recordes de produtividade nas lavouras de soja. Além disso, a região Sul responde por apenas 5,64% da área plantada com a oleaginosa no RS. Por isso, a crise provocada pela estiagem não irá alterar a projeção recorde da Emater-RS e de outras entidades para a safra de grãos no Estado.
De qualquer forma, existe o temor de que o conjunto de fatores formado pela instabilidade do clima, a ocorrência de perdas na safra de verão e a baixa atratividade dos preços desestimule o plantio de trigo, que começa em maio.