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Seca no RS pode provocar prejuízo de R$ 350 milhões

Perdas devem atingir 22 municípios da região sul do estado, prevê EmaterO agravamento da seca no Sul do Rio Grande do Sul ao longo do mês de abril intensificou as perdas na região e aumentou o drama vivido pelos produtores desde o início do ano. 

Fonte: Fabrício Andrade

De acordo com a Emater-RS, o rombo pode chegar a R$ 350 milhões nos 22 municípios sob abrangência do escritório regional sediado na cidade de Pelotas. Destes, 11 já decretaram situação de emergência por causa da estiagem.

Segundo o responsável pela área de produção vegetal do escritório regional da Emater-RS, Evair Ehlert, do prejuízo de R$ 350 milhões contabilizado pela entidade, R$ 300 milhões correspondem à perda de receita na safra de grãos (R$ 274 milhões somente da soja, principal cultura do Estado), enquanto os outros R$ 50 milhões se referem à pecuária – de leite e de corte.

– A perda foi maior no município de Arroio Grande, que, sozinho, registrou prejuízo de R$ 46 milhões – explicou. 

O levantamento da Emater-RS é atualizado semanalmente em conjunto com as secretarias municipais de agricultura. A perda de receita de grãos é calculada considerando a menor produtividade nas localidades atingidas pela seca e a consequente quebra de safra. No caso da soja, a previsão inicial da Emater-RS era de que os 22 municípios na chamada Zona Sul colhessem 725 mil toneladas de soja, mas a perda média está em 35%. A situação das lavouras de milho é mais crítica. Originalmente se projetava uma safra de 210 mil toneladas, porém há uma quebra de cerca de 55%. 

Em determinados locais a falta de chuva passa de dois meses.

– Não está chovendo nada. A região deve encerrar o mês de abril com 10 milímetros de chuva, enquanto o normal é ficar entre 100 a 150 milímetros – afirmou Ehlert.

Embora a previsão climática para o mês de maio indique precipitações mais “dentro da normalidade” para a metade Sul do RS, a preocupação entre os produtores permanece e se estende à pecuária.

– Para a pecuária de corte, estamos prevendo muitas dificuldades para o período de frio. Nossos campos nativos estão praticamente marrons, sem nutrientes – disse Ehlert.

Segundo ele, se a situação persistir, as famílias terão que optar por vender os animais – o que poderia inflar a oferta e depreciar os preços da arroba no mercado gaúcho – ou investir na implantação de pastagens anuais de inverno, o que representaria um custo de produção adicional.

No que se refere à pecuária leiteira, a Zona Sul representa 15% da produção total do RS, conforme o Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do Estado do Rio Grande do Sul (Sindilat-RS). Desta forma, apesar de perceber uma diminuição na produção regional, a entidade acredita que a estiagem não impacta o mercado de forma significativa.

– Por enquanto estamos monitorando a situação – explicou o secretário-geral do Sindilat-RS, Darlan Palharini.

Para a agricultura, na reta final da colheita de verão, o cenário só não é mais grave porque a angústia do Sul do Estado contrasta com a euforia de cidades nas quais choveu bem, principalmente no norte, onde vem sendo registrados níveis recordes de produtividade nas lavouras de soja. Além disso, a região Sul responde por apenas 5,64% da área plantada com a oleaginosa no RS. Por isso, a crise provocada pela estiagem não irá alterar a projeção recorde da Emater-RS e de outras entidades para a safra de grãos no Estado.

De qualquer forma, existe o temor de que o conjunto de fatores formado pela instabilidade do clima, a ocorrência de perdas na safra de verão e a baixa atratividade dos preços desestimule o plantio de trigo, que começa em maio. 

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