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Seca prolongada compromete agropecuária do semiárido e cerrado do Piauí

Com falta de água, criação de gado encolhe e lavouras de milho e feijão têm quase perda totalHá pelo menos três anos, os produtores das regiões do semiárido e do cerrado do Piauí vem sofrendo com a seca. As consequências já são evidentes, principalmente na agricultura familiar. As lavouras de milho e feijão já foram quase todas perdidas e os animais estão morrendo por falta de água.

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É nesse cenário desolador que a vice-presidente do Sindicato Rural de Floriano (PI), Francisca das Chagas Gonçalves Lima, acompanha de perto o que resta do pequeno açude, um dos poucos que ainda tem água nas proximidades. A preocupação com a seca este ano está apenas começando, já que o período mais crítico ainda está por vir.

– A sensação é de dor, porque nós temos necessidade de água, porque água é vida, tanto para homens como para animais. Nós, que somos pequenos agricultores, quando não temos safras, nos valemos dos animais para ajudar a suprir nossa necessidade. Ainda é julho e já estamos assim – destacou Francisca.

A última chuva no local foi em maio e insuficiente para as plantações.

– Estamos clamando por socorro. Fizemos até audiência pública, convocamos o poder público, parlamentares, para que olhassem com bons olhos para a nossa região, mas realmente o que se vê até hoje é só conversa e nada de prática. É isso que nos preocupa – acrescentou.

A ajuda poderia amenizar o sofrimento de Raimundo Nonato Lima, que depende de um caminhão pipa para obter água em sua pequena propriedade. A morosidade desse serviço agrava mais o problema. Há 15 dias o veículo não aparece para fazer o abastecimento.

– Não sei nem o que falar, porque a gente não tem condição de furar um poço, e a comunidade é grande. Ando em torno de sete quilômetros, ida e volta, para trazer água. A gente usa para tomar banho uma vez por dia e, quando é no final do dia, descemos em comboio para tomar banho no açude, que ainda tem água – acrescenta Lima.

Rotina que também foi alterada na vida de Luiz Cândido Pereira Leite. Ele cria um rebanho de 140 animais. Este ano, para não correr o risco de perder novos animais por conta da estiagem, divide a própria água.

No Piauí, 98 municípios entraram com o pedido de emergência por conta da seca – regiões que todo o ano enfrentam uma estiagem que varia entre cinco a oito meses.

– Piauí tem uma situação ímpar em relação ao período chuvoso. Tendo em vista a extensão territorial do Estado, temos vários períodos chuvosos de setembro a outubro e de março a abril, prolongado até maio em algumas regiões do norte do Estado. É uma situação difícil para os criadores. Em algumas regiões, há um período chuvoso normal e regular, mas em outras regiões, principalmente no semiárido, há escassez de chuva, que tende a piorar de setembro a dezembro – pontua o diretor-técnico da Adapi, José Idílio Alves Moura.

– Se acompanharmos a meteorologia, o Piauí está em uma região de convergência, então nós temos duas correntes no Estado, uma seca e outra úmida, que é uma corrente que vem da Amazônia. Essa área de convergência faz com que tenhamos problemas climáticos. Este ano será bastante complicado em termos de índices pluviométricos, porque já começa a chover muito no litoral, sinal que a corrente amazônica contribui, empurrando a corrente que vem seca do Saara. Quando a chuva começa do litoral para o sertão, geralmente é um ano preocupante para a agricultura e pecuária – explica o fiscal agropecuário do Piauí Alonso da Mota Lamas.

O problema acaba comprometendo a produção do Estado, principalmente a pecuária, que vem encolhendo por causa da seca.

– Tivemos um decréscimo de cerca de 40 mil animais, que vieram a óbito. Em 2011, a seca afetou ainda mais a produção animal. Houve redução de cerca de 3,6% do nosso rebanho. Agora, em 2013/2014, o índice corresponde a 2,3% do nosso rebanho, de aproximadamente 1,7 milhão de bovinos – destaca Moura.

A situação mais crítica e que requer mais atenção é a região do semiárido e do cerrado. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores dos Produtores Rurais de Floriano, vivem na região 8 mil famílias de pequenos agricultores, que produzem e dependem de milho, arroz, feijão, mandioca e da criação de animais. Devido à falta de água, o milho, por exemplo, não alcança o tamanho adequado e sofre com pragas, o que prejudica a subsistência dos moradores.

Veja abaixo a reportagem completa:

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