A reportagem afirma que o lobista Júlio Fróes, com o aval de então secretário executivo do Ministério da Agricultura, atuaria na sala de licitações da pasta e de lá prepararia os editais e cuidaria dos interesses de empresas que concorrem a verbas, que neste ano chegam a R$ 1,5 bilhão.
Entre as denúncias, segundo a revista, em 2010, Fróes teria redigido a contratação dos serviços da Fundação São Paulo ( Fundasp), mantenedora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PIUC-SP), sem licitação, no valor de R$ 9 milhões. O representante da fundação beneficiária era o próprio Júlio Fróes.
Em nota divulgada no início da tarde desta sábado, o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, repudiou as informações da reportagem e afirmou ter encaminhado para a Controladoria Geral da União ( CGU ) pedido de investigação sobre os procedimentos relativos à contratação da Fundação São Paulo. Rossi esclareceu que o contrato ocorreu sem licitação, com base no parecer da Consultoria Jurídica do Ministério, e que os recursos são destinados à capacitação profissional de 12 mil servidores do Ministério da Agricultura em todo o país. O ministro disse ainda que os funcionário citados na reportagem serão ouvidos em procedimento disciplinar para verificar a conduta administrativa.
Esta é a segunda denúncia divulgada pela revista contra o Ministério. Na última quarta-feira, o ministro Wagner Rossi foi ao Congresso Nacional rebater as acusações de que sua pasta teria se transformado em uma central de negócios conforme denúncia do ex-diretor da Conab, Oscar Jucá Neto, irmão do senador Romero Jucá, líder do governo no Senado.
Nota à imprensa:
“Repudio as informações publicadas de que sou conivente com irregularidades e desvios de recursos no Ministério da Agricultura, conforme aponta reportagem.
Em relação ao senhor Júlio Fróes, informo que o conheci por ocasião do início do processo de contratação da Fundação São Paulo (PUC-SP). Chegou a mim como sendo um representante da PUC-SP. Desconheço a mencionada reunião realizada na Assessoria Parlamentar do Ministério da Agricultura para distribuição de “propina”.
Não participei e nem compactuo com ilegalidades. Tenho 40 anos de serviço público. Jamais fui acusado de conduta irregular.
Sinto-me injustiçado e ofendido pelas suspeitas levantadas na reportagem.
Informo que apresentei ao ministro, nesta data, meu pedido de demissão, em caráter irrevogável, do cargo de secretário-executivo do Ministério da Agricultura.
Solicito que sejam feitas investigações em todos os níveis considerados necessários. Coloco-me à disposição das autoridades competentes para prestar quaisquer esclarecimentos.
Tenho a consciência tranquila e provarei minha inocência.
Brasília, 6 de agosto de 2011
Milton Ortolan”